Comunismo, fascismo e a ameaça à liberdade

Preocupado com o avanço cada vez maior das ideias intervencionistas, Friedrich Hayek publicou em 1944 o livro O caminho da servidão, alertando para a grave ameaça às liberdades individuais nelas contidas.

Dos diversos intervencionismos, dois despertavam especial preocupação em Hayek, o comunismo e o fascismo.

Por caminhos diferentes, ambos conduziam ao fim da sociedade aberta – denominação atribuída por Karl Popper às sociedades política e economicamente democráticas. Em seu lugar, propunham arranjos socioeconômicos caracterizados por forte grau de intervenção.

O comunismo, na visão de Karl Marx, seria o último e mais avançado estágio da evolução social, que tinha como motor a luta de classes. Com a extinção da propriedade privada dos meios de produção, não haveria mais a exploração dos proprietários da terra e do capital sobre os que dependiam da venda de sua força de trabalho. Sem exploração, não haveria mais luta de classes e, assim, com o fim do processo evolutivo, a sociedade atingiria seu clímax, com a igualdade de todos que teriam satisfeitas plenamente suas necessidades.

Já o fascismo é um regime autoritário com plena concentração do poder nas mãos do líder do governo, que deveria ser cultuado e poderia tomar qualquer decisão sem consultar previamente os representantes da sociedade. Além disso, o fascismo defende uma exaltação da coletividade nacional em detrimento das culturas de outros países e promove a mobilização das massas por meio de uma retórica populista.

Infelizmente, o alerta de Hayek não foi ouvido e vários países implementaram o fascismo e o comunismo, tendo como resultado, mais cedo ou mais tarde, um retumbante fracasso, com padrões de vida muito inferiores aos observados nos países capitalistas democráticos.

Passadas várias décadas, com a constatação do acerto das previsões de Hayek, ele foi agraciado com o Prêmio Nobel de Economia em 1974. Perguntado por um jornalista como ele se sentia com o tardio reconhecimento de suas ideias, ele respondeu: “O mundo é assim mesmo. Quando eu era jovem, o liberalismo era velho. Agora que sou velho, o liberalismo é que voltou a ser jovem”.

Referências 

HAYEK, Friedrich August von. O caminho da servidão. Tradução e revisão de Anna Maria Capovilla, José Ítalo Stelle e Liane de Morais Ribeiro. 5ª ed. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1990.

MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. O manifesto comunista. Tradução de Maria Lucia Como. 15ª ed. Rio de Janeiro Paulo: Paz e Terra, 1998.