Entre os cupins e os homens

Jorge Wilson Simeira Jacob*

Nesta  reedição do excelente texto do professor Og Francisco Leme, o editor definiu a obra de forma muito apropriada:

“Entre os cupins e os homens não é apenas um livro, mas um marco no desenvolvimento das ideias que defendem a liberdade e a responsabilidade individual. Aproveite esta oportunidade para ampliar sua compreensão e reforçar seu compromisso com os valores liberais.”

Esta foi uma leitura que me encantou no passado e também agora na sua releitura. Li a primeira edição que me foi presenteada pelo autor ( fomos por uma década companheiros no Instituto Liberal). Nos nossos frequentes encontros, Og destacava-se como o professor de todos nós. Nasceu para ensinar. As nossas conversas sempre eram uma aula agradável.

Og Francisco Leme conseguia colocar-se ao nível dos seus interlocutores com naturalidade. Era uma alma doce: tranquilo, modesto, bem humorado e nunca demonstrava a sua superioridade intelectual, ainda que fosse um erudito. Debaixo de um julgamento religioso seria canonizado como santo, tal era a sua paciência com a “burrice” alheia. Tinha o dom de transformar ideias complexas em explicações simples. Todos entediam … e , por fim,  com ele concordavam. Era um ser humano excepcional e um professor encantador.

Muito oportuno, portanto, a reedição do livro Entre os cupins e os homens, que pode ser adquirido diretamente do www. institutoliberal.org.br, em troca de uma  contribuição livre. Em suas 140 páginas, que se lê com prazer,  em uma sentada, com o mínimo de esforço para penetrar no desconhecido ideário liberal e o máximo de aprendizado.

Na contracapa, o professor Og Leme explica a razão do título do livro de maneira muito feliz:

“A ambiguidade, provavelmente deliberada, do título deste livro pode sugerir tanto um ensaio no campo da entomologia quanto as confissões de um gerente de empresa de dedetização”. Mas ele se refere, na realidade, a algo mais dramático e abrangente: o problema das sociedades modernas de decidirem se os seus membros viverão nas condições em que vivem os insetos gregários ou , então, nas condições em que deveriam viver os homens livres.

É da liberdade individual, que assegura a defesa da nossa dignidade, que discorre Og, de maneira agradável de ler até as suas elocubrações mais abstratas. Este é um dos primeiros livros que eu indicaria para um cidadão que queira ter uma visão correta do liberalismo. Ele demonstra com sua facilidade didática ser esse ideário mais do que o capitalismo/economia de mercado, mas um ideal de vida.

Em algumas passagens do texto, o autor aborda problemas brasileiros, que, felizmente, a predominância das ideias liberais tornaram coisas do passado. Neste sentido, em vez de mostrar obsolescência da matéria, mostra as consequências das ideias divulgadas pelo Instituto Liberal e o seu mentor intelectual — Og Francisco Leme. Além de alimentar a esperança de que outros dos nossos equívocos poderão também ser mudados.

Ninguém que não ler este texto está em condições de se pôr contra o liberalismo. Esta é uma leitura para combater a ignorância existente sobre as vantagens de um ideário que se preocupa com a liberdade individual e a importância de um governo mínimo.

 

  • Jorge Wilson Simeira Jacob foi presidente do Instituto Liberal da São Paulo.