Lições de viagem 6

 

 Conhecendo o Mato Grosso do Sul

Quanta terra boa

Pra se viver bem

É juntando forças

Que se vai além 

 

Superando crises

Sempre que elas vem

Meu Sul de Mato Grosso

Te quero tanto bem

                                Almir Sater

 

Por conta do Dia do Economista, comemorado anualmente no dia 13 de agosto, diversas instituições realizam eventos alusivos à data, o que tem me proporcionado a chance de conhecer ou de retornar a muitos lugares espalhados pela imensidão do Brasil.

 Foi o que ocorreu neste ano, em que entre as várias localidades a que fui convidado a ministrar palestra, encontra-se o estado de Mato Grosso do Sul, ao qual eu não ia desde o XIX Congresso Brasileiro de Economia, que em 2011 foi realizado na belíssima cidade de Bonito.

Nos dois ou três anos anteriores, eu havia estado seguidas vezes no estado, ministrando aulas de criatividade nos cursos de pós-graduação promovidos pela UDOP – União dos Produtores de Bioenergia. Nessa condição, além de Campo Grande, a capital, pude visitar mais de uma vez cidades como Dourados, Rio Brilhante e Deodápolis.

 Na ocasião, alguns aspectos chamaram minha atenção. A primeira delas foi a própria capital, cujo crescimento e dinamismo eram perceptíveis a cada nova visita. Se o crescimento da capital era perceptível, o que dizer então do ritmo que o mesmo atingia na região da Grande Dourados? Com a chegada dos grandes grupos usineiros – nacionais e estrangeiros – o impacto em termos de progresso regional era impressionante, podendo ser observado na multiplicação de novos condomínios, fortalecimento do comércio, surgimento de shopping centers etc. Outro aspecto que não me passou despercebido foi o referente à qualidade das estradas, em flagrante contraste com o que eu observava em outras partes do País, nas quais as rodovias apresentavam não raras vezes péssimo estado de conservação. Por fim, fiquei vivamente impressionado com o que via ao longo das estradas, pois não havia um metro sequer ao alcance da vista que não estivesse cultivado ou preparado para o pasto.

 Na semana passada, a convite do incansável vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-MS), Thales Souza Campos, falei sobre os novos temas da ciência econômica em Campo Grande e em Ponta Porã, dentro da programação da Semana de Economia que este ano teve como tema central “Economia Empreendedora”.

 Com isso, pude retornar ao estado e constatar que minhas impressões anteriores seguem plenamente válidas, apesar das dificuldades decorrentes da acentuada queda nos preços do milho, o que está levando um bom número de empresários a deixar o produto apodrecer no pé, em parte pela desvantagem em relação aos custos de produção, em parte graças à insuficiente estrutura de armazenagem, que cobre apenas algo em torno de 14% da produção local.

Isso, porém, não altera a sensação anterior. É gratificante ver a terra integralmente cultivada, repleta de fazendas bem cuidadas, com modernas instalações que conferem ao agronegócio um elevado nível de produtividade.

 Em Campo Grande, gostei muito de ver as soluções dadas ao comércio de rua, com a transferência dos camelôs para duas localidades de boa qualidade, uma na movimentada Av. Afonso Pena e outra numa área revitalizada, na estação da antiga estrada de ferro, num típico exemplo de economia criativa, já que o lugar possui também inúmeros bares e restaurantes, espaço para apresentações artísticas e centro de eventos. Em pouco tempo, já se transformou num “point” onde se reúne, diariamente, um expressivo número de pessoas.

 Já Ponta Porã destaca-se por se tratar de uma cidade de fronteira que encontrou uma ótima forma de convivência com Pedro Juan Caballero, a vizinha cidade paraguaia. Ao contrário de outras cidades fronteiriças, em que o contrabando, a violência e a tensão constituem cenário permanente, em Ponta Porã respira-se um ar de enorme tranquilidade, o que contribui decisivamente para o estabelecimento de crescente número de instituições de ensino superior e para um intenso fluxo de turistas, em especial de turistas de consumo, ávidos por aproveitarem as boas ofertas da Casa China, do recém-inaugurado Planet Outlet, além de centenas de outras lojas de menor porte.

 Tendo percorrido parte do estado do Mato Grosso do Sul torna-se mais fácil entender a razão pela qual a região Centro-Oeste é a que vem se destacando por seu bom desempenho nestes tempos de crescimento medíocre da economia brasileira.

 

 

 Referência webgráfica

 SEMANA da Economia começa dia 11 em Campo Grande. Díário Digital. Disponível em http://www.diariodigital.com.br/economia/semana-de-economia-comeca-dia-11-em-campo-grande/117778/.

 Referência musical

 Terra boa. Composição: Almir Sater e Paulo Simões. Disponível em http://letras.mus.br/almir-sater/128251/