Interpretações do Brasil V
A visão marxista
“O Estado deve retomar o controle de sua economia; talvez
reestatizar o setor elétrico. […] É preciso incorporar o um
terço mais pobre que está fora do sistema; e isso não é difícil,
pois a própria incorporação pode mover o crescimento.”
Paul Singer (apud Bielschowsky e Mussi)
Os adeptos dessa linha de interpretação utilizam-se dos instrumentos de análise marxistas, como a visão determinista, o materialismo histórico e o raciocínio dialético, aplicando-os à realidade brasileira.
Ao contrário de outros modelos de análise que consideram apenas variáveis econômicas, os marxistas fazem suas análises partindo de uma perspectiva eminentemente histórica, na qual a sociedade é examinada por meio das diferentes classes que a compõem, relacionando-se entre si. Nessa perspectiva, procuram mostrar o caráter exploratório dos detentores dos meios de produção sobre a classe trabalhadora, que, destituída de propriedade de terra e de capital, vive da venda do único recurso de que dispõe, a sua força de trabalho. Esta é, sempre, a essência da visão marxista, sendo a luta de classes o principal agente determinante da evolução do processo histórico.
O que se constata na análise da evolução histórica do Brasil é que, a exemplo do que ocorreu em outros países da América, da Oceania e da Ásia (não todos), ocorre a passagem direta da relação escravista de produção (que nos países da Europa é típico do modo de produção antigo) para a relação assalariada de produção, que é típica do modo de produção capitalista. Não se verificou, portanto, nesses países, como na Europa, a relação servil de produção, típica do modo de produção feudal, amplamente dominante durante a Idade Média, que se estende da queda do Império Romano (476 d.C.) à tomada de Constantinopla (1453).
Como se opõem ao sistema capitalista (chamado, por eles, de modo de produção capitalista), os marxistas propõem soluções que passam, invariavelmente, pela supressão da propriedade privada e pela gestão pública dos meios de produção, cabendo ao Estado dar resposta às questões fundamentais da economia: o que, como, quanto e para quem produzir.
Principais nomes
- Caio Prado Junior
- Nelson Werneck Sodré
- Paul Singer
- Jacob Gorender
Referências e indicações bibliográficas
BIELSCHOWSKY, Ricardo e MUSSI, Carlos (organizadores). Políticas para a retomada do crescimento – reflexões de economistas brasileiros. Brasília: IPEA: CEPAL, 2002.
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Referências e indicações webgráficas
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______________ Interpretações do Brasil II – A teoria da dependência. Disponível em http://www.lucianopires.com.br/iscasbrasil/iscas/abre_isca.asp?cod=814.
______________ Interpretações do Brasil III – A corrente estruturalista. Disponível em http://www.lucianopires.com.br/iscasbrasil/iscas/abre_isca.asp?cod=899.
MAESTRI, Mário. O Escravismo Colonial: A Revolução Copernicana de Jacob Gorender. Disponível em http://www.espacoacademico.com.br/035/35maestri.htm
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