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ZICOSUR

 

Uma experiência de integração regional

 

“O que nos une é mais do que o que nos separa”.

Aurelio Echazú Salmón

 

Atendendo a convite do gerente geral da consultoria Desarrollo de Negocios Internacionales, Marcelo Elizondo, e do Consejo Federal de Inversiones (CFI), participei, no dia 20 de novembro, do Seminário de Integração Regional do ZICOSUR, realizado em Buenos Aires, nas magníficas instalações do Palácio San Martín, sede do Ministério das Relações Exteriores da Argentina.

ZICOSUR é a sigla de Zona Centro-Oeste da América do Sul, uma instituição impulsionada por governos e empresários, com o objetivo de coordenar posições de consenso e amplo apoio territorial, para integrar a zona central da América do Sul. Criado em 1997, tem como membros plenos 44 governos locais de 6 países: 10 províncias da Argentina, 8 departamentos da Bolívia, 1 estado do Brasil (Mato Grosso do Sul), 4 regiões do Chile, 4 departamentos do Peru e todos os departamentos do Paraguai.

Desde sua criação, a instituição trabalha ativamente para obter uma inserção internacional competitiva da região, promovendo o desenvolvimento da infraestrutura para a articulação de eixos de comunicação comuns que facilitem o deslocamento de pessoas e bens e agilizem o comércio intra e extrazona, e contribuam para o encontro e o reconhecimento dos povos que a integram, potencializando o desenvolvimento harmônico e sustentável.

Minha participação ocorreu no primeiro dos três painéis que compuseram o Seminário, intitulado Integração nos novos cenários geopolíticos: Enfoques para a integração produtiva, a nível internacional e de entidades subnacionais (experiência comparada). Neste primeiro painel falaram também Theresa Durnbeck, secretária de Investimentos, Assuntos Internacionais e Promoção do Governo da Província do Chaco, República Argentina, Mariano L. Bernárdez, diretor para a Europa e América Latina do Institute for Performance & Management, de Chicago, EUA, e Oscar Stark Robledo, vice-ministro de Indústria e Comércio do Paraguai e professor da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade Americana de Assunção.

Em minha exposição, depois de um rápido apanhado histórico sobre a melhora da imagem do Brasil graças ao processo de redemocratização, à abertura da economia e à conquista da estabilidade em decorrência do Plano Real, destaquei o papel desempenhado, no plano nacional, pela Agência de Cooperação Internacional – ABC, pelas instituições e empresas de pesquisa de projeção internacional, como a Embrapa, e pela APEX – Agência Brasileira de Promoção de Exportações, e, no plano de estados e municípios, pelas Secretarias (ou Assessorias Especiais) de Relações Internacionais, pelas confederações, federações e associações empresariais e sindicais e, por fim, pelas universidades. Para encerrar, exibi as capas da revista The Economist, de 2009 e de 2013, com as manchetes respectivas “Brazil takes off” e “Has Brazil blown it?”, com o objetivo de mostrar a preocupação com que a comunidade internacional tem visto a condução recente da política econômica, marcada por crescente intervenção governamental, constantes mudanças das “regras do jogo” e por uma preocupante criatividade na contabilidade nacional.

O segundo painel, intitulado Integração e dinamização empresarial: Análise de casos de transnacionalização de empresas, contou com os depoimentos de Caio Augusto Monteiro Rebello, da Randon, do Brasil, Martin Migoya, da Globant, da Argentina, e de Aurélio Echazú Salmón, gerente geral da Echazú & Asociados Proveedores Industriales, de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia.

O terceiro e último painel, Promoção e políticas públicas para a integração econômica, técnicas e recursos utilizados pelos organismos de promoção e facilitação, teve a participação de Augusto Costa, secretário de Comércio Exterior da Chancelaria Argentina, Patricio Fuenzalida Ramírez, secretário regional do Ministério da Agricultura do Chile, e Eusebio Pillado, ex-diretor da ProMexico.

Considerei o Seminário extremamente positivo, especialmente no sentido de contribuir para a divulgação de uma experiência de integração regional como é o ZICOSUR, e de apontar avanços e dificuldades ao seu desenvolvimento. Considerando o marasmo em que se encontra o MERCOSUL, cada vez mais dominado por questões políticas e ideológicas, fiquei com a sensação de que o ZICOSUR possui um dinamismo bem maior, produto, em grande parte, do forte envolvimento do setor privado, que vê, nessa experiência, uma real oportunidade para a remoção de obstáculos legais e institucionais e, em consequência, de maiores chances para a realização de negócios.

 

Referências e indicações webgráficas

MACHADO, Luiz Alberto. Nem tanto pra lá, nem tanto pra cá – Mudança de imagem. Disponível em http://www.portalcafebrasil.com.br/iscas-intelectuais/economicas/nem-tanto-pra-la-nem-tanto-pra-ca.

_______________ Confiança – Difícil de conquistar, fácil de perder. Disponível em http://www.portalcafebrasil.com.br/iscas-intelectuais/economicas/confianca