Empreender perto do paraíso
Guido e suas lagostas
“Daqui a vinte anos você estará mais decepcionado pelas coisas que você não fez do que pelas que fez. Então jogue fora suas amarras. Navegue para longe do porto seguro. Agarre o vento em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra.”
Mark Twain
Uma das primeiras decisões de minha vida de casado – tomada em conjunto com minha mulher evidentemente – foi não adquirir casa ou apartamento em qualquer lugar que fosse: mais de trinta anos depois, posso afirmar sem margem de dúvida que foi uma decisão mais do que acertada.
Além de um filho que se envolveu com atividades esportivas desde tenra idade, o que significou incontáveis fins de semana com compromissos em diversos campeonatos, tirando a possibilidade de viajarmos com frequência, a opção adotada nos deu a chance de conhecer lugares diferentes, no Brasil e no exterior, sem ter qualquer preocupação com a segurança e a manutenção de alguma propriedade.
Diante dessa opção, raramente voltamos aos locais visitados, com raríssimas exceções. Uma dessas exceções foi Morro de São Paulo, na região conhecida como Costa do Dendê, no litoral baiano. É um desses lugares que devem se aproximar daquilo que imaginamos como o paraíso.
Na primeira semana de janeiro conseguimos conciliar as agendas, o que raramente acontece, e, assim, voltei a Morro de São Paulo para uma deliciosa semana com minha mulher e meu filho. Embora repleta de turistas, não enfrentamos problemas muito comuns em localidades dessa natureza. O abastecimento estava em ordem, os serviços funcionaram satisfatoriamente e a atenção e simpatia das pessoas na pousada e nos restaurantes foi uma constante.
Meu comentário desta semana, no entanto, é para um empreendimento localizado na Praia da Cueira, na Ilha de Boipeba, que compõe juntamente com Morro de São Paulo o município de Cairu. Trata-se do restaurante Guido’s, cuja maior especialidade é lagosta.
Seu proprietário, o Guido, repete há 30 anos a mesma rotina, trabalhando da manhã até as 17h00 para atender turistas que superlotam diariamente seu restaurante, atraídos por sua fantástica comida, com destaque, indubitavelmente, para as variações envolvendo a lagosta.
O importante a salientar é que embora exista atualmente um grande interesse pelo tema do empreendedorismo, com oferta crescente de cursos em universidades e outras instituições, o caso do Guido é completamente distinto, por se tratar de um exemplo de alguém que tinha o empreendedorismo na veia e que soube aproveitar as condições naturais do lugar em que vivia para criar e desenvolver um empreendimento que se transformou numa verdadeira referência sem jamais ter feito estudos sistemáticos, elaborado planos de negócios ou obtido patrocínios de vulto.
O que ele faz – e com maestria – é um trabalho com dedicação e competência, auxiliado por um grupo de esforçados colaboradores, muitos dos quais da sua própria família, que prestam um excelente serviço, deixando gravado na memória de seus clientes uma experiência inesquecível.
Por isso, encerro meu recesso de férias para estas Iscas Intelectuais, deixando duas recomendações aos amigos internautas: conhecer Morro de São Paulo e, uma vez lá, não deixar de experimentar as lagostas do Guido’s.
Referências bibliográficas
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