Homenagem aos Economistas 2013

 

Memoráveis citações

 

“Não basta ser um bom economista;

é preciso ser um economista bom.”

Armando Mendes

                                                                       Homenagem aos economistas

Em 2010, por ocasião da passagem do Dia do Economista, publiquei nestas Iscas intelectuais, 150 citações de economistas. Dada a enorme repercussão que teve a iniciativa, decidi “repetir a dose” no ano seguinte, em comemoração aos 60 anos de regulamentação da profissão.

Repeti a experiência no ano passado, novamente com excelente repercussão.

Por essa razão, repito mais uma vez a experiência, mantendo, a exemplo do que foi feito no ano passado, a classificação das citações por temas, obedecendo sempre a ordem alfabética do sobrenome de seus autores.

A todos os amigos economistas e/ou internautas que enviaram sugestões, deixo registrado o meu muito obrigado.

  Brasil

Todo mundo fala do custo do capital, mas ninguém discute o preço inicial dos bens de capital, que é muito elevado no Brasil.

BACHA, Edmar

Como diria um de meus gurus favoritos, o Brasil é a amante que mais amei, mas a que mais me enganou.

CAMPOS, Roberto

As reformas não conseguirão piorar nosso manicômio fiscal. Mas, como dizia um engraxate da Câmara, não há perigo de melhorar.

CAMPOS, Roberto

Quando cheguei ao Congresso, queria fazer o bem. Hoje acho que o que dá para fazer é evitar o mal.

CAMPOS, Roberto

Com os artifícios e manipulações utilizados pela equipe econômica do governo para fechar as contas públicas e manter a inflação controlada, o governo brasileiro vai perdendo reputação e credibilidade, aproximando-se de um país vizinho, a Argentina, cujos dados oficiais possuem credibilidade de um sambista austríaco.

DANA, Samy

 O Brasil é o único país do mundo onde as organizações não governamentais são sustentadas pelo governo.

DELFIM NETTO, Antonio

Tenho uma péssima notícia para os argentinos: Deus é brasileiro.

DORNBUSCH, Rudiger

É claro que estamos anos luz distantes das quebras de contratos e de outras mudanças no quadro institucional que ocorrem na Argentina e na Venezuela, e certamente alguns investidores exageraram na avaliação do que se passa no Brasil. Mas algumas medidas recentes – como a concessão de incentivos a setores privilegiados pelo governo ou a falta de transparência nas mudanças dos quadros regulatórios do petróleo e da energia elétrica – não contribuirão para atrair os recursos externos necessários à recuperação da infraestrutura, indispensável para a retomada do crescimento.

FENDT, Roberto

A crise mundial, a partir de 2008, tem reforçado o processo de desindustrialização precoce da economia brasileira, com o crescimento da participação das commodities e dos produtos industriais de baixa intensidade tecnológica e baixo valor agregado nas exportações e no saldo da balança comercial. Concomitantemente, tem crescido o fluxo comercial com a China, com este país se tornando o principal parceiro do Brasil – ultrapassando os EUA e estabelecendo-se um padrão no qual, claramente, o Brasil exporta commodities agrícolas e minerais e importa produtos industriais, inclusive produtos de maior intensidade tecnológica. […] Em suma, diferentemente da crise de 1929, que ajudou a sepultar no Brasil o padrão de desenvolvimento agrário-exportador já em decadência e abrir espaço para o processo de industrialização do país, a atual crise mundial reforça uma tendência regressiva já presente anteriormente, ressaltando e estimulando mais ainda a importância das commodities agrícolas e minerais para a redução conjuntural da vulnerabilidade externa da economia brasileira e dificultando a diversificação e ampliação industrial – particularmente nos setores de alta intensidade tecnológica. Esse arranjo entre o capital financeiro, os grandes grupos exportadores de commodities e o agronegócio tem como contrapartida, no longo prazo, o crescimento da vulnerabilidade externa estrutural do país, num processo que realimenta dinamicamente a tendência vigente.

FILGUEIRAS, Luiz

Se Bill Gates tivesse nascido no Rio e começado seu negócio numa garagem, provavelmente estaria vendendo CDs piratas na avenida Rio Branco.

GIANNETTI, Eduardo

O grau de intervenção do governo na economia chega a ser assustador. Controlam-se de forma arbitrária os preços dos combustíveis e da energia elétrica, sem nenhuma preocupação com a saúde financeira das empresas que exploram tais atividades. Impõem-se exigências de conteúdo nacional mínimo para fornecedores de plataformas e equipamentos para exploração de petróleo e gás, pouco importando se a indústria brasileira está capacitada ou não para atender `a demanda em condições adequadas de qualidade, preço e prazo de entrega. Desonerações tributárias são concedidas ou retiradas na medida em que os estoques aumentam ou diminuem em determinados setores de atividade, especialmente bens duráveis como veículos e eletrodomésticos. Ou, pior, tais desonerações são utilizadas equivocadamente como política anti-inflacionária. […] Na mesma linha, o governo vem diminuindo o grau de abertura da economia, com medidas protecionistas que acabam prejudicando a própria indústria nacional, pois dificultam seu acesso a bens de capital e a matérias-primas importadas de melhor qualidade e custo mais baixo.

GONÇALEZ, Claudio Adilson

O Brasil era (e segue sendo) um país que se divide em dois grupos. Um é cosmopolita aguerrido, preparado e ambicioso. Gente que tem fome, que quer competir com o que há de melhor no mundo. Ayrton Senna. O outro é provinciano, malemolente, com baixa instrução, acomodado. Um pessoal que está satisfeito com o que a vida lhe deu. Macunaíma. Impossível quantificar construtos tão subjetivos, mas diria sem medo de errar que o segundo grupo é muito mais números do que o primeiro.

IOSCHPE, Gustavo

Vencido o primeiro desafio da retomada do crescimento, mesmo em condições internacionais ainda adversas, a próxima etapa é garantir as condições para a sustentabilidade. Isso porque não basta crescermos episodicamente nem tampouco a qualquer custo. É muito importante consolidarmos o quadro de estabilidade macroeconômica com crescimento continuado e melhora na distribuição de renda e qualidade de vida dos cidadãos.

LACERDA, Antonio Corrêa de

Essa política intervencionista do governo brasileiro hoje não funciona. É uma política antiga, que já foi experimentada nos anos 70, e não dá certo, com escolha de vencedores, desoneração pontual, economia fechada.

LANDAU, Elena

Cabe reconhecer que há iniciativas louváveis do governo para estimular o investimento privado, como é o caso da reformulação das regras de concessão de rodovias, ferrovias e portos. Contudo, tais iniciativas acabam perdendo força diante das hesitações e dos equívocos da política macroeconômica, assim como em razão do excessivo intervencionismo que acaba gerando insegurança jurídica nos agentes econômicos.

LOYOLA, Gustavo

Começo insistindo na minha pregação contra o termo “pibinho”. O Produto Interno Bruto (PIB) é um valor absoluto, e esse diminutivo é erroneamente empregado como referência à sua taxa de variação. O que se vê são taxinhas. O PIB é um “pibão” que coloca o Brasil como a sétima economia mundial. Contudo, tal tamanho não é documento para medir o desenvolvimento do País. O que vale é outra proporção, o PIB por habitante, que o deixa no meio do caminho, nem muito pobre nem rico. E corre o risco de ficar por aí com essas taxinhas. Assumem várias formas. Usarei só uma delas, a mais à frente no tempo. É a do primeiro trimestre de 2013 relativamente ao quarto de 2012, que foi de apenas 0,6%. Se repetida até o fim do ano, levaria a um crescimento anual de 2,42%. Também uma taxinha, pois o Brasil poderia ver o dobro disso com uma política econômica digna do nome. Sua grande fragilidade é o lado fiscal federal, de receitas e gastos. Arrecada demais, gasta mal e é dominado pelo objetivo de reeleger a presidente. A economia segue a reboque. E já há analistas prevendo um crescimento mais perto de 2%.

MACEDO, Roberto

A inflação está em alta. Há um aumento generalizado de preços. Os reajustes no setor de serviços, como educação, saúde e comércio, mantêm-se acima de 8% ao ano. É um quadro grave. Se removêssemos os efeitos das reduções de impostos da eletricidade, dos automóveis e dos eletrodomésticos, além de eliminarmos o subsídio ao preço da gasolina, a inflação estaria rodando muito acima do teto de 6,5% da meta oficial.

PASTORE, Affonso Celso

A nossa baixa taxa de investimentos é a possível, dado o adverso ambiente de negócios que existe no Brasil, envolvendo o tamanho, ineficiência e complexidade da carga tributária; a má qualidade e instabilidade da regulação econômica, ambiental e administrativa; a elevada insegurança jurídica; e a carência de infraestrutura, entre outros. Sem melhorarmos esses fundamentos micro institucionais, será difícil alcançar de forma sustentada o ritmo de crescimento que nos permitirá fechar com velocidade razoável o hiato de renda que nos separa dos países desenvolvidos.

PINHEIRO, Armando Castelar

O Estado brasileiro mantém-se preso a um projeto cuja formulação é do início da segunda metade do século passado. Um projeto que combina uma rede de proteção social com a industrialização forçada. A rede de proteção social inspirou-se nas reformas das economias capitalistas da Europa, entre as duas Grandes Guerras, reforçadas após a crise dos anos 1930. Foi introduzida no Brasil por Getúlio Vargas, para a organização do mercado de trabalho, baseado no modelo da Itália de Mussolini. A industrialização forçada através da substituição de importações, introduzida por Juscelino Kubitschek nos anos 1950, e reforçada pelo regime militar nos anos 1970, que defendia a ação direta do Estado, como empresário e planejador, para acelerar a industrialização. Não nos interessa aqui fazer a análise crítica do projeto desenvolvimentista que, com altos e baixos, aos trancos e barrancos, cumpriu seu papel e levou o país às portas da modernidade neste início de século. Basta ressaltar que o desenvolvimentismo, com seus dois pilares – a industrialização forçada e a rede de proteção social – dependem da capacidade do Estado de extrair recursos da sociedade. Recursos que devem ser utilizados para financiar o investimento público e os benefícios da proteção social.

RESENDE, André Lara

Apesar de extrair da sociedade mais de um terço da renda nacional, o Estado perdeu a capacidade de realizar seu projeto. Não o consegue porque, apesar de arrecadar 36% da renda nacional, investe menos de 7% do que arrecada, ou seja, menos de 3% da renda nacional. Para onde vão os outros 93% dos quase 40% da renda que extrai da sociedade? Parte, para a rede de proteção e assistência social, que se expandiu muito além do mercado de trabalho organizado, mas, sobretudo, para sua própria operação. O Estado brasileiro tornou-se um sorvedouro de recursos, cujo principal objetivo é financiar a si mesmo. Os sinais dessa situação estão tão evidentes, que não é preciso conhecer e analisar os números. O Executivo, com 39 ministérios ausentes e inoperantes; o Legislativo, do qual só se tem más notícias e frustrações; o Judiciário pomposo e exasperadoramente lento.

RESENDE, André Lara

O PT acrescentou dois elementos novos em relação ao projeto nacional-desenvolvimentista do regime militar: a ampliação da rede de proteção social, com o Bolsa Família, e o loteamento do Estado. A ampliação da rede de proteção social se justifica, tanto como uma iniciativa capaz de romper o impasse da pobreza absoluta, em que, apesar dos avanços da economia, grande parte da população brasileira se via aprisionada, quanto como forma de manter um mínimo de coerência com seu discurso histórico. Já a lógica por trás do loteamento do Estado é puramente pragmática. Ao contrário do regime militar, que não precisava de alianças difusas, o PT utilizou o loteamento do Estado, em todas suas instâncias, como moeda de troca para compor uma ampla base de sustentação. Sem nenhum pudor ideológico, juntou o sindicalismo de suas raízes com o fisiologismo do que já foi chamado de Centrão, atualmente representado principalmente pelo PMDB, no qual se encontra toda sorte de homens públicos, que, independentemente de suas origens, perderam suas convicções ao longo da estrada e hoje são essencialmente cínicos.

RESENDE, André Lara

A transição demográfica está ocorrendo no Brasil em uma velocidade enorme. Isso significa que a população idosa está crescendo bastante e que no futuro uma proporção menor da população terá que dar conta de toda a produção. A saída para esse desafio passa pelo aumento da produtividade, o que significa mais investimentos e uma população mais educada e qualificada.

SABOIA, João

Enquanto o Brasil pensa, a China faz.

SANTOS-DUISENBERG, Edna dos

[É preciso compreender] a própria dinâmica fiscal brasileira. A triste verdade é que o governo planeja seu orçamento tendo como base a suposição que a arrecadação sempre crescerá o suficiente para bancar a gastança. Não é por outro motivo que os gastos públicos crescem ininterruptamente. Em vez de determinar os gastos de acordo com a necessidade efetiva da sociedade e critérios claros de distribuição de recursos, a prática da política tem sido simplesmente aumentar o dispêndio confiando na capacidade da Receita Federal bancar o jogo extraindo recursos adicionais do setor privado.

SCHWARTSMAN, Alexandre

 Câmbio

Câmbio é igual vaga de estacionamento, você procura e não acha e, quando acha, vai para outra melhor.

HOLLAND, Marcio

 Capital humano

Se postulássemos apenas a lista habitual de forças econômicas, as cidades não se sustentariam. Não há nada na teoria da produção que assegure a estabilidade das cidades. Elas não são mais do que uma coleção de fatores de produção – capital, pessoas, terra –, e a terra é sempre muito mais barata fora das cidades. […] Parece-me que a “força” a ser postulada a fim de explicar o papel central das cidades na vida econômica é da mesma natureza que o “capital humano externo”. […] Por que as pessoas pagam tão caro para viver em Manhattan ou no centro de Chicago se não é para estar junto de outras pessoas?

LUCAS, Robert

 Capitalismo

Na periferia do capitalismo, não há possibilidade de desenvolvimento sem um regime de política macroeconômica adequado, sem políticas comerciais e tecnológicas, sem a presença forte do Estado – na promoção e articulação das forças econômico-sociais, de modo a redefinir a inserção internacional do país e alterar, de fato, o padrão de distribuição de renda existente.

FILGUEIRAS, Luiz

O capitalismo é a crença mais estarrecedora de que o mais insignificante dos homens fará a mais insignificante das coisas para o nem de todos.

KEYNES, John Maynard

O termo “capitalismo” data do fim do século XIX. A expressão “o capitalista”, como referência ao dono do capital, aparece antes, já no início do século XIX, utilizada por autores como David Ricardo e outros, mas “o capitalismo”, como um sistema de organização social e econômica, foi cunhado por seus críticos – o mais famoso deles, evidentemente, sendo Karl Marx, em “O Capital”, de 1867. Muitos outros, anarquistas e socialistas, como Pierre-Joseph Proudhon e Werner Sombart, utilizaram o termo para definir uma forma de organização econômica e social, em que a produção e a distribuição de bens e serviços são de propriedade privada e têm fins lucrativos, ou seja, visam a acumulação de capital.

RESENDE, André Lara

O sistema de preços determinados nos mercados, pela interação da oferta e da demanda, é um dos elementos do capitalismo moderno, mas o capitalismo, nas suas várias formas, não se confunde com o mercado competitivo, que é uma abstração conceitual, um idealtipo. As economias capitalistas observadas na prática, desde o século XIX até hoje, não são homogêneas. Formas muito distintas de organização econômica, tanto em termos de distanciamento do idealtipo competitivo, quanto em relação à propriedade exclusivamente privada do capital, são qualificadas como capitalistas. Daí os inúmeros apostos qualificativos – como mercantil, industrial, monopolista, de Estado, financeiro, corporativo – comumente encontrados quando se fala em capitalismo.

RESENDE, André Lara

A alternância entre a prosperidade e a quebradeira é a forma que o desenvolvimento econômico assume na era do capitalismo.

SCHUMPETER, Joseph

  Consumo/Consumidor

A soberania do consumidor é exercida à medida que existe concorrência entre os produtores, por força do seu poder de decisão em relação à compra dos bens ou serviços desejados. Na prática, contudo, essa soberania tende a ser neutralizada pelos mecanismos impositivos da concorrência monopolista e pela influência da publicidade. Por outro lado, é o nível de renda dos consumidores que determina objetivamente os limites dessa soberania, isto sob o ponto de vista da economia capitalista.

CAVALVANTE FILHO, Antonio

O consumo é o início e o fim de todas as atividades econômicas. Se não houvesse necessidades, não haveria consumo; sem consumo, não se justificariam as atividades econômicas. A economia é essencial para o indivíduo, a fim de que não só viva, mas viva bem, e cada vez melhor, como meio de realizar o conteúdo humano de sua existência.

CAVALVANTE FILHO, Antonio

 Crescimento econômico

Precisamos entender que o processo da economia, a produção, o consumo, cria um problema que é mais do que econômico. Existem limites físicos para o crescimento. Isso foi brilhantemente demonstrado por Nicholas Georgescu-Roegen [1906-1994], pioneiro da tese de que havia erro na concepção da economia que pode crescer sempre. O raciocínio econômico está assentado sobre a ideia de que o processo produtivo cria sem exaurir o mundo físico. Mas isso viola a lei da entropia. Todo processo de produção dissipa energia não recuperável. Aquilo que era correto e interessante conceitualmente, hoje tem aplicação prática.

RESENDE, André Lara

O crescimento, objetivo principal da teoria e da política econômica, pode ter deixado de fazer sentido. Até o último quarto do século XX, crescer e enriquecer eram objetivos inquestionáveis. Hoje já não são. Primeiro, porque os limites físicos do planeta começam a dar sinais de que podem estar próximos. Segundo, porque o extraordinário crescimento e a riqueza criada nos últimos dois séculos resultaram num ganho de bem-estar muito aquém do que se poderia esperar. A desigualdade persistente, o consumo desenfreado, o alto endividamento público e privado, a invasão do estado sobre todas as esferas da vida, os impostos abusivos, a percepção generalizada de que a vida contemporânea é exaustiva, compõem um quadro desalentador, muito diferente do que imaginaria alguém que, no início do século XX, tentasse descrever como seria a vida, um século depois, uma vez atingido o nível de renda e riqueza do mundo contemporâneo.

RESENDE, André Lara

 Criatividade

Nós geramos produtos pela transformação física dos objetos, mas isso os animais também fazem, muitas vezes com uma precisão incrível. Os passarinhos constroem ninhos; as abelhas, colmeias; nós criamos armas, carros […]. O ser humano se destaca como animal econômico por sua capacidade de produzir ideias, não só bens materiais. Uma formiga passa a vida toda sem ter uma ideiazinha sequer sobre como obter comida de um modo diferente. Em contrapartida, o ser humano é praticamente incapaz dessa adesão automática a instruções. Estamos sempre atrás de algo novo a experimentar e de problemas para solucionar.

ROMER, Paul

Não estamos acostumados a pensar nas ideias como bens econômicos, mas não há dúvida de que são os bens econômicos mais significativos que produzimos. A única forma de produzirmos mais valor econômico – e, portanto, de gerar crescimento econômico – é encontrar cada vez mais meios valiosos de aproveitar objetos que estão à nossa disposição.

ROMER, Paul

 Crise internacional

O Euro vai permanecer. É um ganho civilizatório muito importante. Mas o Euro só pode avançar se a Europa se tornar de fato uma verdadeira federação, com união política, fiscal e bancária. Todos já sabem disso. Só que os interesses não convergem. A Alemanha, primeiro, deseja a união fiscal. A França, a união política. Ou seja, estão de acordo com o que é preciso, porém falta encontrar o mecanismo para que isso possa caminhar. Já têm ocorrido avanços importantes.

DELFIM NETTO, Antonio

Essa crise econômica, que para muitos foi a maior já vivida pelo mundo desde a década de 1930, é oriunda do processo de hegemonia do “liberalismo financeiro”, que ganhou força a partir do desmantelamento do regime que emergiu em Bretton Woods, culminando em um intenso processo de financeirização da riqueza e de transformação do papel do Estado enquanto agente regulador dos mercados.

FERNANDES, Orlando Assunção

Da mesma forma que a crise de 1929, a atual também não deve ser caracterizada simplesmente como mais uma crise cíclica do capitalismo, que pode ser solucionada apenas com políticas macroeconômicas (monetária, fiscal e cambial) anticíclicas. Tal como a dos anos 1930, essa é uma crise do (atual) padrão de desenvolvimento do capitalismo, da forma como esse regime de produção e distribuição vem funcionando desde os anos 1970 – momento inicial do processo de constituição da hegemonia econômica e política do capital financeiro no plano mundial, impulsionado pela crise do padrão de acumulação fordista, dos Estados de Bem-Estar Social e das políticas (neo) keynesianas.

FILGUEIRAS, Luiz

Sobre a importância da crise, às vezes penso que, quando nossos netos estudarem esse período, a crise de 2008 será apenas uma nota de rodapé em um extenso capítulo sobre a entrada da China como importante agente econômico. Parece-me que esse é o grande evento do início do século XXI, e não a crise de 2008. Mas deve demorar ainda algum tempo para que possamos compreender totalmente os impactos da entrada desse ator de 1,3 bilhão de pessoas na economia mundial.

GOLDBAUM, Sergio

Quatro anos depois do início da crise, ainda não há solução à vista. Não há nem mesmo consenso sobre como proceder. O debate, hoje, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, parece estar polarizado entre o imperativo contraditório de manter o endividamento público sob controle e relançar o crescimento, através do estímulo keynesiano de mais gastos públicos. A ortodoxia fiscal é defendida primordialmente pelos republicanos nos Estados Unidos e pela Alemanha na Europa. A política fiscal anticíclica keynesiana é defendida pelos democratas nos Estados Unidos e pela França de François Hollande.

RESENDE, André Lara

Torna-se mais evidente do que nunca a urgência da criação de uma moda reserva internacional, que não esteja sujeita aos interesses de um emissor nacional. A crise de 1929 terminou por levar à revisão do sistema monetário internacional, ao fim do padrão-ouro e, em 1944, com o término da Segunda Guerra, à conferência de Bretton Woods. Agora, uma nova e profunda revisão do sistema monetário internacional é imperativa para que a grande crise financeira de 2008 possa ser considerada definitivamente superada.

RESENDE, André Lara

Sou moderadamente otimista com a economia brasileira. Não estamos debaixo de um vendaval, no entanto, precisamos aprofundar e estender as políticas sociais, que ainda são muito ruins. Sem isso, não há desenvolvimento econômico includente com distribuição de renda. Já em relação ao muno, sou pessimista. Desde 1930, esta é a maior crise e tomara que não termine em guerra, como aconteceu antes.

TAVARES, Maria da Conceição

 Depressão

A depressão tem custos intoleráveis, mas, com a quebra generalizada, elimina-se o excesso de endividamento e abre-se a porta para um novo ciclo de expansão. Ao evitar-se a quebra, impede-se a redução, catastrófica, mas natural, do excesso de dívidas que precisam ser digeridas, antes que o consumo e o investimento possam retomar fôlego. Troca-se um fim horroroso por um horror sem fim.

RESENDE, André Lara

 Desenvolvimento

No final da década de 1980, a vida no sentido material havia melhorado de forma inconcebível para os indivíduos de 1918. Famílias da classe trabalhadora tinham uma vida material mais abastada em 1988 do que a classe média em 1918. A comida, o transporte, o sistema de saúde e as conveniências domésticas que essas famílias tinham à sua disposição proporcionavam uma qualidade de vida material inalcançável mesmo para a elite de eras anteriores[…]. [As] atividades realizadas nos momentos de folga se tornaram uma parte importante da vida. Famílias da classe trabalhadora possuíam artigos esportivos e brinquedos, frequentavam eventos esportivos e culturais e chegavam até a fazer viagens de férias.

BROWN, Clair

 Divisão do trabalho

Um homem cuja vida é inteiramente dedicada a poucas tarefas simples […] não tem oportunidade de cultivar seu intelecto ou exercitar sua capacidade de invenção […]. É natural, portanto, que perca o hábito de tal exercício e com frequência se torne tão estúpido e ignorante quanto possível para um ser humano. Além de impedir que aprecie uma conversa racional ou dela participe, o torpor de seu cérebro o impede de conceber qualquer sentimento generoso, nobre ou compassivo.

SMITH, Adam

 Economia

A economia não é um jogo de soma zero, no qual João, para ficar rico, precisa tirar de José. O mesmo vale para países. É pura propaganda defender a ideia de que alguns países ficaram ricos apenas por ter explorado os pobres. Essa mentalidade mercantilista é que leva a conclusões absurdas como a de que as importações são prejudiciais ao país.

CONSTANTINO, Rodrigo

Na economia, esperança e fé coexistem com grande pretensão científica e também um desejo profundo de respeitabilidade.

GALBRAITH, John Kenneth

Toda declaração sucinta sobre a Economia é ilusória (com a possível exceção desta que faço agora).

MARSHALL, Alfred

Depois do Plano Real, tive vontade de fazer uma imersão na teoria. No dia a dia do mercado financeiro, perdemos rapidamente pé com o que se faz na academia. Voltei a ler e concluí que estava chato demais. Era sempre a mesma coisa: o modelo dinâmico estocástico de equilíbrio geral e alguma variação. Não havia nenhuma contribuição nova. Então eu me disse: “Sou um ex-economista”. Aí veio a crise e o tema voltou a ser interessante. […] Com a crise, a área sofreu um baque enorme. Na segunda metade do século XX, a economia tentou mimetizar as ciências exatas, pensando que elas, sendo mais formais, usando o instrumental da matemática, dão respostas mais precisas. O instrumental matemático ajuda muito, sim, mas tem limite. A economia não é ciência exata, é parte das ciências sociais. Ela é um subconjunto de uma teoria filosófica. Formalizada, a economia foi conduzida a um beco sem saída. Ficou estéril. Baseada no modelo paradigmático de equilíbrio competitivo, sem nada a ver com a realidade, e no qual se introduzem distorções, para aproximá-lo de determinados problemas específicos da realidade. Isso é um jogo bastante repetitivo.

RESENDE, André Lara

 O objetivo de estudar a economia é […] aprender a não ser enganado pelos economistas.

ROBINSON, Joan

A primeira lição da economia é a escassez: nunca há algo em quantidade suficiente para satisfazer os que o querem. A primeira liçõa da política é desconsiderar a primeira lição da economia.

SOWELL, Thomas

 Economia criativa

O desenvolvimento de uma estratégia para incentivar a economia criativa iria beneficiar enormemente as micro e pequenas empresas, pois são elas que movem a maior fatia da economia criativa.

GOLDENSTEIN, Lídia

 Economia de mercado

Apesar de seus muitos defeitos, a economia de mercado, que só pode operar com sucesso em regimes democráticos, é talvez a instituição econômica mais salutar que a humanidade concebeu. Mercados verdadeiramente competitivos beneficiam o consumidor em termos de qualidade e menores preços dos bens e serviços. Além disso, favorecem o empreendedorismo, desde que o país seja dotado de sistema financeiro eficiente que, por meio do crédito, transforme novas ideias em empresas inovadoras e produtivas.

GONÇALEZ, Claudio Adilson

Economia experiencial

As experiências representam uma quarta oferta econômica que se difere dos serviços assim como os serviços se diferem dos produtos[…]. As experiências sempre estiveram disponíveis, mas consumidores, empresas e economistas as agrupavam no setor de serviços com atividades corriqueiras como lavagem a seco, mecânica de automóveis e instalação telefônica. Quando um sujeito compra um serviço, ele compra um conjunto de atividades imateriais que serão realizadas em seu favor. Já quando compra uma experiência, ele paga para desfrutar de uma série de eventos memoráveis encenados por uma empresa – como uma peça de teatro – de modo a envolvê-lo emocionalmente[…]. Essa recém-identificada oferta de experiências ocorre sempre que, deliberadamente, uma empresa se vale de serviços como um palco e de produtos como objetos de cena a fim de envolver o indivíduo. Se as commodities são fungíveis; os produtos, tangíveis; e os serviços, intangíveis; as experiências são memoráveis. Os consumidores de experiências – vou seguir o exemplo da Disney, e chama-los de visitantes – valorizam a sensação de envolvimento proporcionada pela empresa ao longo de um determinado período. Da mesma forma que as pessoas diminuíram o consumo de produtos em prol dos serviços, hoje elas avaliam muito bem quanto tempo e dinheiro gastarão com serviços a fim de abrir caminho para experiências mais memoráveis – e bastante valorizadas.

GILMORE, James e PINE, Joseph

 Economistas

A crise que há quatro anos interrompeu o circuito econômico mundial já detonou mais de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) universal e deixou desempregados 50 milhões de honestos trabalhadores europeus, americanos, asiáticos e africanos, criando um estado de grave inquietação social que parece longe de dissolver-se. Passado todo esse tempo, a dificuldade em lidar com seus efeitos nos mostra o tamanho das limitações de nossos conhecimentos de como funciona, na realidade, o sistema econômico. Particularmente aos economistas, a tragédia expôs a falência do que parecia uma revolução científica: a construção de uma economia financeira, separada da macroeconomia por pequenos economistas, supostos grandes matemáticos.

DELFIM NETTO, Antonio

No programa jornalístico Band Gente, da Rede Bandeirantes, em que se registrava a passagem do Dia do Economista em 2012, uma segunda-feira, 13 de agosto, indagaram-me sobre a questão da “conivência” dos economistas que se beneficiaram com a ocultação dos fatos que produziram a crise financeira. Seria ridículo concluir que os economistas foram os agentes eficientes da crise, mas a realidade é que a profissão não demonstrou capacidade de impedi-la, o que de uma certa forma nos torna cúmplices desta tragédia. […] Houve muitos economistas entre nós que fizeram alertas e também muitos profissionais que se entusiasmaram com as performances nos mercados financeiros, achando que os agentes podiam autorregular-se e que a moralidade podia ser mantida. Alguns desenvolveram teorias completas em torno disso. Outros profissionais, no entanto, se lembravam das lições de um grande economista, John Maynard Keynes, que em 1936 já dizia que o sistema financeiro, quando não convenientemente regulado, produzia a tragédia. Note-se que ele mesmo foi um eficiente especulador, operando em próprio nome e por conta do King’s College, de Cambridge, Inglaterra, em plena Grande Depressão.

DELFIM NETTO, Antonio

Bons economistas são os pássaros mais raros. Eles devem alcançar um alto padrão em várias direções diferentes e combinar talentos que não é comum encontrar juntos. Devem ser a um só tempo historiadores, homens públicos e filósofos. Devem entender de símbolos e falar com palavras. Devem ser tão incorruptíveis e distantes quanto um artista, ainda que por vezes tão pé no chão quanto um político.

KEYNES, John Maynard

Estive na universidade, no setor público e no setor privado. O ferramental teórico do economista é útil para todo tipo de profissional, mas não me parece haver dúvida de que a formação do economista – o interesse primordial de quem quer ser economista – é compreender e colaborar para a melhor organização da sociedade e satisfazer as necessidades das pessoas. O economista, se não necessariamente um homem público, é essencialmente um profissional da vida pública.

RESENDE, André Lara

 Educação

A má educação causa a falta de ambição e é também causada por ela. Nos países que deram grandes saltos, a educação não foi percebida como um fim, mas como parte de um projeto nacional. China no século XXI, Coreia na década de 1970, Estados Unidos nos anos 1930, Japão do pós-guerra: nesses e em outros casos, os países perseguiam um sonho de grandeza. A educação não era o ponto de chegada, mas parte da ponte até o futuro glorioso. Parte do nosso problema é que, ao não termos um projeto nacional inspirador, a educação deixou de ser uma questão dos brasileiros e se tornou propriedade dos professores e funcionários. Alguns deles têm espírito público e generosidade e fazem o melhor que podem para os seus alunos e, consequentemente, o país. Mas a maioria acaba se acomodando em um sistema que não incentiva o mérito, nem pune o demérito; as únicas causas que defendem são as suas próprias.

IOSCHPE, Gustavo

Formar pessoas verdadeiramente talentosas é como espalhar uma grande quantidade de combustível. Nunca sabemos em que momento esse combustível humano vai inflamar e despertar algo.

ROMER, Paul

A história deveria nos servir de guia neste momento. Enfrentávamos uma séria ameaça: uma força de trabalho agrícola com uma grande porcentagem de funções prestes à extinção. E de que forma reagimos? Reduzimos a oferta de trabalhadores menos qualificados oferecendo-lhes formação educacional. Não há nada equiparável a investir em educação. É um plano de ação que faz o bolo crescer, porque uma força de trabalho mais instruída e esclarecida aumenta o volume de produção e permite que todos continuem compartilhando, de uma forma relativamente equitativa, da divisão desse bolo.

ROMER, Paul

 Erradicação da miséria

Dar dinheiro para os pobres não é uma solução para a miséria. É uma forma de mascarar o problema.

YUNUS, Muhammad

 Impostos

Não existe arte que um governo aprenda de outro com maior rapidez do que a de extrair dinheiro do bolso da população.

SMITH, Adam

 Inovação

Não sabemos qual será a próxima grande ideia acerca de como estimular ideias. Tampouco sabemos onde surgirá. Contudo, é seguro fazer dois prognósticos. Primeiro, o país que assumirá a liderança no século XXI será aquele que implementar uma inovação capaz de respaldar a produção de ideias comercialmente relevantes no setor privado. Segundo, novas metaideias desse tipo serão produzidas. Só a falta de imaginação – a mesma coisa que leva o homem comum a supor que tudo já foi inventado – nos leva a crer que todas as instituições relevantes e todos os mecanismos políticos já foram concebidos.

ROMER, Paul

O crescimento nos demais países do mundo é bom para nós também. Não podemos mais nos permitir pensar nos termos “nós versus eles”, pois isso gera um enfoque na concorrência de curto prazo, e não no progresso de longo prazo. A meta final é crescer e tornar o futuro melhor do que o passado, para que possamos pensar em outros termos – nós e eles –, possibilitando que os benefícios da inovação se difundam pelo mundo inteiro.

ROMER, Paul

 Intervenção governamental

Se puserem o governo federal para administrar o Deserto do Saara, em cinco anos faltará areia.

FRIEDMAN, Milton

A visão de que o governo poderia ser a solução para a maior parte dos problemas não é mais amplamente aceita, como o foi duas ou três décadas atrás. Nós agora conhecemos a realidade de várias décadas de expansão da intervenção estatal, de forma que podemos comparar as expectativas com os resultados. Os resultados dessa experiência desapontaram em muitos países, especialmente nos em desenvolvimento. Existe agora ampla evidência que a intervenção estatal demasiada não melhorou a alocação de recursos, não promoveu o crescimento mais rápido, não melhorou a distribuição de renda e não garantiu maior estabilidade econômica.

TANZI, Vito

 Movimentos sociais

Penso que na rua podemos localizar duas forças contrárias que provavelmente ocorrem simultaneamente. Por um lado as ruas podem estar dizendo “eu quero a minha meia entrada”. Seria o caso extremo do processo de democratização da meia entrada. Por outro lado, se o sistema político entender bem as dificuldades do desenvolvimento econômico no Brasil hoje as ruas podem ser um embrião de um mecanismo abrangente olsoniano de negociação social de redução das meias entradas para todos com vistas a potencializar o bem-estar de todos.

PESSOA, Samuel

É significativo que os protestos no Brasil tenham começado com a reivindicação do passe livre nos transportes públicos urbanos. A questão da mobilidade nas grandes metrópoles é paradigmática da exaustão do modelo produtivista-consumista. A indústria automobilística foi o pilar da industrialização desenvolvimentista e o automóvel o símbolo supremo da aspiração consumista. O inferno do trânsito nas grandes cidades, que se agrava quanto mais bem-sucedido é o projeto desenvolvimentista, é a expressão máxima da completa inviabilidade de prosseguir sem uma revisão profunda de objetivos. Ao que parece, a sociedade intuiu a falência do projeto do século passado antes que o Estado e aqueles que deveriam representá-la – governo e oposição, Executivo, Legislativo e imprensa – tenham se dado conta de que hoje trabalham com objetivos anacrônicos.

RESENDE, André Lara

 Otimismo/Pessimismo

Para que o progresso da humanidade não seja interrompido, para que o ser humano seja capaz de se adaptar, de continuar a fazer avanços tecnológicos que o impeçam de esbarrar nos limites físicos do planeta, é preciso que os sinais sejam recebidos e compreendidos. É aqui que entra o pessimista. O pessimista é quem capta os sinais de perigo e soa o alarme.

RESENDE, André Lara

Talvez não possamos prescindir de algumas ilusões. A esperança é com certeza uma delas. Talvez por isso o otimismo nos faça bem. Ter esperança de que as coisas vão melhorar quando estão mal, de que seremos capazes de realizar os desafios que nos impusemos, de que iremos em frente, mesmo sem saber o que significa ir em frente, parece fundamental para nossa saúde física e emocional. Mas é preciso ter esperança sem procurar razões para ter esperança. Aceitar a contradição entre nosso impulso vital, que é a esperança, e a razão, que é o instrumento de que dispomos para nos guiar num mundo perigoso. Um mundo implacável, do qual temos dificuldade de extrair um sentido. A razão deveria nos fazer cautelosos, sóbrios e humildes. A razão toma nota, faz o mapa de nosso entorno, soa o alarme, alerta para os riscos. Por isso é essencialmente pessimista, sempre atenta para o que pode dar errado, para os riscos do desconhecido. A esperança é humilde e essencialmente irracional. Há uma insuperável contradição entre a racionalidade e o otimismo. Uma contradição vital, da qual dependemos e não podemos prescindir. Quando pretendemos superar essa contradição, explicar o otimismo pela razão, traímos a razão. Quando a esperança se torna arrogante, traímos a esperança.

RESENDE, André Lara

 Pesquisa 

Quando as pessoas nos dizem que não vale a pena fazer pesquisa, o que elas estão dizendo é que a taxa de retorno particular é muito baixa. E isso com frequência é uma realidade – particularmente no caso de pesquisas extremamente abstratas, primárias e não dirigidas. Mas existe também a possibilidade de a taxa de retorno social proporcionada por essa pesquisa ser bastante alta.

ROMER, Paul

Um dos motivos que nos levam a querer manter em nossa economia [dos EUA] uma infraestrutura vigorosa para atividades de pesquisa é o fato de ela instruir e formar pessoas que se tornam ativos valiosos para uma nação.

ROMER, Paul

 Política fiscal e tributária

O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) não tem salvação. Complexo, burro e mutante, ele atrasa o País. O IVA (Imposto sobre o Valor Agregado) nacional, arrecadado pela União e distribuído automaticamente entre as três esferas de governo é a saída.

NÓBREGA, Maílson da

 Razão

Os avanços dos últimos três séculos foram efetivamente extraordinários. Desde o Iluminismo, a superstição e a religiosidade opressiva foram relegadas a um segundo plano. O uso predominante da razão, como ferramenta de conhecimento do mundo, levou à mentalidade científica, à revolução industrial e tecnológica. A melhoria da qualidade de vida, desde o fim do século XVIII, não tem precedentes em toda a história da humanidade. Depois de resenhar as muitas esferas nas quais o progresso foi sistemático e contínuo nos últimos séculos, [Matt] Ridley volta suas baterias [em The Rational Optimist] contra os pessimistas, contra todos aqueles que insistem em anunciar que o fim dos bons tempos está próximo. Recorre a John Stuart Mill para lembrar que, infelizmente, “não é aquele que tem esperança quando há desespero, mas aquele que se desespera quando há esperança que é admirado por muitos, como sábio”. Segundo ele, hoje não faltam profetas do apocalipse, travestidos de sábios. Os ecologistas, aqueles que sustentam que os limites físicos do planeta estão próximos, são o alvo principal de suas críticas.

RESENDE, André Lara

 Rendimentos decrescentes

A fertilidade da terra lembra uma mola pressionada para baixo […] o efeito dos pesos adicionais diminuirá gradativamente.

TURGOT, Anne-Robert Jacques

 Schumpeter

O autor a ser reestudado é com certeza Joseph Schumpeter. Economista austro-húngaro, com longa carreira na academia e no setor público, primeiro na Europa e depois na academia americana, Schumpeter é o grande teórico dos ciclos econômicos. Já nos anos 1930, era crítico em relação à excessiva formalização matemática da teoria econômica. Segundo ele, a tentativa de mimetizar as ciências naturais, em nome do rigor metodológico, resultava na incapacidade de compreender a economia como um fenômeno social. Defensor entusiasmado do capitalismo e da fecundidade do espírito empresarial – do “entrepreneur” – enfatizou a importância da “destruição criativa” do capitalismo como mola propulsora dos avanços em todas as esferas da sociedade. É provável que, ao se domesticar o capitalismo, ao controlar artificialmente suas forças cíclicas naturais, pode-se ter esclerosado grande parte de suas virtudes, de sua força criativa e renovadora.

RESENDE, André Lara

 Setor financeiro

Os banqueiros de Wall Street, assim como os demais participantes do setor financeiro, gostam de bancar os capitalistas ferrenhos. Combatem sem trégua a concorrência com uma das mãos e a opressiva burocracia estatal com a outra. Na realidade, porém, o setor financeiro depende profundamente do Estado. Longe de serem os tipos arrojados e independentes que gostariam de ser, mais parecem adolescentes bem-vestidos e mimados.

BAKER, Dean

 Tempo

As pessoas estão cada vez mais preocupadas com o sentido da vida. Isso não acontecia com o indivíduo comum em 1885, quando praticamente o dia todo era dedicado à obtenção de alimento, roupas e abrigo necessários à manutenção da vida.

FOGEL, Robert

Hoje, pessoas comuns desejam empregar seu tempo livre para desfrutar de prazeres que, há um século, só eram acessíveis em quantidade para os ricos […]. O principal custo disso não é calculado em termos de dinheiro, mas em termos de tempo.

FOGEL, Robert

Assim como no caso do indivíduo, a multiplicidade de seu desenvolvimento e a satisfação dos seus desejos e sua atividade dependem da capacidade de economizar o tempo. Economia de tempo, a isso toda a economia em última instância se reduz.

MARX, Karl

Nossos filhos terão mais de quase tudo, com uma gritante exceção: eles não terão mais tempo. À medida que a renda e os salários aumentam, sobe o custo do tempo e cresce também a sensação de que ele é escasso e de que a vida transcorre num ritmo mais acelerado do que no passado.

ROMER, Paul

Recomendações e indicações bibliográficas

BAGDADI, Solange. De olho no futuro. Rumos, julho/agosto de 2012, pp. 24-28.

BAKER, Dean. Economia levada a sério. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011.

BARROS. Julio Cesar de (organizador). As melhores frases em Veja: 1995 a 2012. São Paulo: Benvirá, 2012.

BOEHME, Gerhard Erich. Subsídios para as próximas eleições: Sistema de Indicadores de Percepção Social – O que não é medido não é gerenciado. Texto mimeografado, 29 de abril de 2013.

BROWN, Clair. American standards of living, 1918-1988. Oxford: Blackwell Publishers, 1994, p. 3. Em FLORIDA, Richard. A ascensão da classe criativa. Tradução de Ana Luiza Lopes. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011.

CAVALCANTE FILHO, Antonio. O consumo e o comportamento do consumidor como estimulantes da atividade econômica. João Pessoa: Ideia, 2010.

CONSTANTINO, Rodrigo. Capitalistas brasileiros, uni-vos! Entrevista a Giuliano Guandalini. Veja, 13 de março de 2013, pp. 17-21.

DELFIM NETTO, Antonio. Sem resposta. Rumos, julho/agosto de 2012, p. 29.

_______________ Como a economia impacta no seu negócio! Entrevista para o Informe Sindloc SP, ano XVII, edição 138, outubro de 2012.

ESTRIN, Judy. Estreitando a lacuna da inovação: como reacender a centelha da criatividade na economia global. Tradução e adaptação de Beth Honorato. São Paulo: DVS Editora, 2010.

FENDT, Roberto. Proximidade desgastante. Diário do Comércio, 16 de outubro de 2012, p. 2.

FAAP recebe visita de grande especialista em economia criativa. Qualimetria, nº 259, março de 2013, pp. 38-40.

FERNANDES, Orlando Assunção. O liberalismo financeiro em cheque. Revista da ESPM, volume 19, edição nº 2, março/abril de 2012, pp. 18-25.

FILGUEIRAS, Luiz. A crise mundial e o desenvolvimento brasileiro. Economistas, revista do Conselho Federal de Economia (Cofecon), ano III, nº 7, abril de 2012, pp. 22-37.

FILGUEIRAS, Luiz. Entrevista ao Jornal dos Economistas, órgão oficial do Corecon-RJ e Sindecon-RJ, nº 278, setembro de 2012, pp. 7-9.

FLORIDA, Richard. A ascensão da classe criativa. Tradução de Ana Luiza Lopes. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011.

FOGEL, Robert. The fourth great awakening and the future of egalitarianism. Chicago: University of Chicago Press, 2000. Em FLORIDA, Richard. A ascensão da classe criativa. Tradução de Ana Luiza Lopes. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011.

GILMORE, James H. e PINE III, Joseph. The Experience Economy. Boston: Harvard Business School Press, 1999. Em FLORIDA, Richard. A ascensão da classe criativa. Tradução de Ana Luiza Lopes. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011.

GOLDBAUM, Sergio. A crise não é tão grave! Entrevista para a Revista da ESPM, volume 19, edição nº 2, março/abril de 2012, pp. 92-105.

GOLDENSTEIN, Lídia. Economia criativa abre portas para as MPEs. Diário do Comércio, 25 de outubro de 2012, p. 12.

GONÇALEZ, Claudio Adilson. Capitalismo à brasileira. O Estado de S. Paulo, 13 de mio de 2013, p. B 2.

IOSCHPE, Gustavo. Por que somos tão pouco ambiciosos? Veja, 12 de setembro de 2012, pp. 68-70.

KEYNES, John M. Essays in biography. London: Mcmillan, 1972 [1933].

LACERDA, Antonio Corrêa de. Afrouxem os cintos, o PIB subiu! O Estado de S. Paulo, 4 de novembro de 2012, p. B 2.

LANDAU, Elena. ‘Os investidores estão muito mais desconfiados’. Entrevista a Fábio Alves. O Estado de S. Paulo, 3 de junho de 2013, p. B 4.

LOYOLA, Gustavo. Economia sem fôlego. O Estado de S. Paulo, 28 de abril de 2013, p. B 2.

LUCAS Jr., Robert. On the mechanics of economic development. Journal of Monetary Economics, 22, 1988. Em FLORIDA, Richard. A ascensão da classe criativa. Tradução de Ana Luiza Lopes. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011.

MACEDO, Roberto. PIB tartaruga? Acelera Brasil! O Estado de S. Paulo, 06 de junho de 2013. Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,pib-tartaruga–acelera-brasil!-,1039328,0.htm.

MARX, Karl. Grundrisse. Em CAXITO, Fabiano. Não deixo a vida me levar, a vida levo eu! São Paulo: Saraiva, 2009.

NÓBREGA, Maílson da. O ICMS não tem salvação. Veja, 19 de setembro de 2012, p. 33.

O LIVRO da economia. Tradução de Carlos S. Mendes Rosa. São Paulo: Globo, 2013.

PASTORE, Affonso Celso. A armadilha do crescimento baixo. Entrevista a Giuliano Guandalini. Veja, 19 de junho de 2013, pp. 15-19.

PESSOA, Samuel. As manifestações de rua e o direito à meia-entrada. Site do Simon Schwartzman, 7 de julho de 2013.

PINHEIRO, Armando Castelar. Crescimento em 2005-10: um “voo de galinha” prolongado? Jornal dos Economistas, órgão oficial do Corecon-RJ e Sindecon-RJ, nº 278, setembro de 2012, pp. 12-13.

RESENDE, André Lara. Os rumos do capitalismo. Valor Econômico, 31 de agosto de 2012.

_______________ A propósito do otimismo. Piauí, edição 76, janeiro de 2013.

_______________ A economia nos limites. Entrevista a Diego Viana e Robinson Borges. Valor Econômico, 26 de abril de 2013.

_______________ Os limites do possível: a economia além da conjuntura. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2013.

_______________ O mal-estar contemporâneo. Valor Econômico, 5 de julho de 2013.

ROMER, Paul. Economic Growth. In: HENDERSON, David R. (ed.). The Fortune Encyclopedia of Economics. Nova York: Time Warner Books, 1993. Em FLORIDA, Richard. A ascensão da classe criativa. Tradução de Ana Luiza Lopes. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011.

_______________ Ideas and things. The Economist, 11 de setembro de 1993. Em FLORIDA, Richard. A ascensão da classe criativa. Tradução de Ana Luiza Lopes. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011.

SABOIA, João. “A queda da taxa de desemprego no Brasil nos últimos anos é realmente impressionante. Mas a economia terá de voltar a crescer a taxas razoáveis para a manutenção de baixas taxas de desemprego.” Entrevista ao Jornal dos Economistas, órgão oficial do Corecon-RJ e Sindecon-RJ, nº 279, outubro de 2012, pp. 5-7.

SCHUMPETER, Joseph A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. Introdução de Rubens Vaz da Costa. Tradução de Maria Sílvia Possas. São Paulo: Abril Cultural, 1982. (Os Economistas). Em NASAR, Sylvia. A imaginação econômica: gênios que criaram a economia moderna e mudaram a história. Tradução de Carlos Eugênio Marcondes de Moura. São Paulo: Companhia das Letras, 2-12, p. 285.

SCHWARTSMAN, Alexandre. A rota do gato. Folha de S. Paulo, 31 de outubro de 2012.

SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigação sobre a sua natureza e suas causas, com a introdução de Edwin Cannan. Apresentação de Winston Fritsh. Tradução de Luiz João Baraúna. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Os Economistas)

Recomendações e indicações webgráficas

DANA, Samy. Manobras nas contas públicas. Disponível em http://carodinheiro.blogfolha.uol.com.br/2013/01/26/manobras-nas-contas-publicas/.

YUNUS, Muhammad. Entrevista a José Fucs e Marcos Coronato. Época, 09/06/2013. Disponível em http://revistaepoca.globo.com/tempo/noticia/2013/06/muhammad-yunus-dar-dinheiro-para-os-pobres-mascara-a-miseria.html.