Possíveis aspectos positivos do PROSUL
Luiz Alberto Machado[1]
Paulo Galvão Júnior[2]
Considerações iniciais
Na capital da República do Chile, em 22 de março de 2019, oito países se reuniram na criação de um fórum para o progresso da América do Sul, o PROSUL (em espanhol, PROSUR).
Em Santiago de Chile, os presidentes da Argentina, do Brasil, do Chile, da Colômbia, do Equador, do Paraguai e do Peru, além do embaixador da Guiana, dialogaram numa mesa redonda sobre os novos rumos dos países sul-americanos.
O PROSUL é o novo fórum que une oito países da América do Sul, subcontinente da América formado por 12 países e dois territórios, a Guiana Francesa (França) e as Ilhas Falkland (Reino Unido). Na Primeira Cúpula do PROSUL, o tapete vermelho foi estendido para os líderes, portanto, novos acordos comerciais, econômicos e ambientais poderão ocorrer nos próximos meses ou anos.
A Declaração de Santiago foi assinada pelos líderes dos países membros do PROSUL no Palácio de La Moneda. O primeiro presidente do PROSUL, pelos próximos 12 meses, será o presidente chileno Sebastián Piñera. Depois desse período, passará o cargo e as responsabilidades para o presidente paraguaio Mario Benítez.
Assinalamos que a Bolívia, o Uruguai e o Suriname enviaram seus representantes ao Chile, como países observadores, mas não aderiram ao PROSUL. A Venezuela não participou do evento regional.
Os prós do PROSUL
Recentemente, a The Economist, uma das mais respeitadas revistas de economia em todo o mundo, publicou uma matéria intitulada Why Prosur is not the way to unite South America (em português, Porque o PROSUL não é a maneira de unir a América do Sul) e enfatizou que: “Attempts at regional integration always seem to stumble over politics” (em português, As tentativas de integração regional parecem sempre tropeçar na política).
O presente artigo procura destacar possíveis aspectos positivos do PROSUL e não debater os tropeços políticos dos antigos e atuais líderes sul-americanos nem tão pouco questionar se o PROSUL é o fim da União das Nações Sul-Americanas (UNASUL)[3], cuja sede administrativa inicial foi Quito, no Equador.
No contexto de forte polaridade política vivido em nosso país, duros questionamentos ao PROSUL aconteceram e severas críticas virão pela criação de uma nova instituição regional. Nós, no entanto, acreditamos na validade do debate e da reflexão serena quanto ao surgimento do PROSUL e consideramos que na sociedade da Quarta Revolução Industrial os aspectos positivos do PROSUL são: (i) a plena vigência da liberdade e da democracia; (ii) a busca de uma melhor cooperação e integração regional; (iii) o respeito aos direitos humanos; (iv) a proteção ao meio ambiente; (v) os investimentos em infraestrutura logística e energia; (vi) as políticas públicas em defesa da educação e saúde; (vii) a cooperação na defesa e na paz; e (viii) a busca pelo desenvolvimento sustentável.
No Palácio de La Moneda, os líderes sul-americanos não pensaram na criação de uma única moeda em circulação na América do Sul, porque tal reforma monetária regional não é necessária em países tão distintos nos âmbitos populacionais, econômicos e sociais.
Os principais indicadores e índices do PROSUL na atualidade
O PROSUL é um novo bloco sul-americano e seus líderes estão pensando na cooperação regional, em suas economias e suas populações. De acordo com o pronunciamento final do presidente chileno Sebastián Piñera, “(…) Para enfrentar o problema de hoje e também assumir o desafio do futuro. Hoje se dá início ao processo de criação do PROSUL”.
Por isso, é relevante examinar os principais indicadores e índices do PROSUL nos dias atuais: PIB nominal, população, taxa de crescimento do PIB, IDH, esperança de vida ao nascer e índice de Gini.
Quadro 1. Os principais indicadores e índices do PROSUL na atualidade
País |
PIB Nominal
(Em bilhões de dólares) |
População
(Em milhões de hab.) |
Taxa de Crescimento do PIB
(Em %) |
IDH | Esperança de vida
ao nascer
(Em anos) |
Índice de Gini |
PROSUL |
3,789 |
377,2 | 2,0 | 0,754 | 74,8 |
47,0 |
Brasil |
2,141 |
209,3 | 1,1 | 0,759 | 75,7 |
51,3 |
Argentina |
0,536 |
44,3 | -2,5 | 0,825 | 76,7 |
42,4 |
Colômbia |
0,427 |
49,1 | 2,7 | 0,747 | 74,6 |
50,8 |
Peru |
0,286 |
32,2 | 4,0 | 0,750 | 75,2 |
43,8 |
Chile |
0,264 |
18,1 | 4,0 | 0,843 | 79,7 |
47,7 |
Equador |
0,100 |
16,6 | 1,0 | 0,752 | 76,6 |
45,0 |
Paraguai |
0,032 |
6,8 | 4,0 | 0,702 | 73,2 |
47,9 |
Guiana |
0,003 |
0,8 | sd | 0,654 | 66,8 |
sd |
Fontes: FMI (2018), PNUD (2017) e CEPAL (2018). Nota: sd significa sem dados.
Com base nos dados do Quadro 1, verificamos as seguintes características do novo bloco regional da América do Sul: o PIB total do PROSUL é de US$ 3,789 trilhões (FMI, 2018); a população total do PROSUL é de 377,2 milhões de habitantes (PNUD, 2017); em média, a taxa de crescimento do PIB do PROSUL é de 2,0% ao ano (CEPAL, 2018). O IDH do bloco, em média, é de 0,754 (PNUD, 2017), correspondente ao desenvolvimento humano elevado[4]. Em média, a esperança de vida ao nascer é de 74,8 anos (PNUD, 2017). Por último, em média, o Índice de Gini é de 47,0 (PNUD, 2017).
O Brasil é o país mais rico e mais populoso do PROSUL, além do terceiro melhor IDH. O Chile é país com o melhor IDH do PROSUL. Enquanto, a Guiana é o país mais pobre, menos populoso e com o pior IDH do bloco.
A Argentina é o segundo país mais rico e o segundo melhor IDH do PROSUL. Enquanto, a Colômbia é o terceiro país mais rico, o segundo mais populoso e com o sexto melhor IDH do PROSUL.
O Equador e o Paraguai têm quase o mesmo IDH, com 0,752 e 0,750, respectivamente. Já o PIB peruano é um pouco superior ao chileno, com PIB nominal (em inglês, Nominal GDP) de US$ 286 bilhões contra US$ 264 bilhões.
Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), três países concentram 81,9% do PIB total do PROSUL, o Brasil, a Argentina e a Colômbia. O PIB de US$ 3,789 trilhões do PROSUL é um pouco inferior ao PIB da Alemanha, a quarta maior economia do mundo, com o PIB de US$ 3,990 trilhões.
O Chile tem a maior esperança de vida ao nascer com 79,7 anos, enquanto a menor expectativa de vida ao nascer é da Guiana, com 66,8 anos. A diferença entre os dois países sul-americanos é de 12,9 anos.
O Brasil tem o pior Índice de Gini do PROSUL, com 51,3, enquanto a Argentina tem o melhor Índice de Gini do bloco, com 42,4. A diferença entre as duas nações da América do Sul é de 8,9 no Coeficiente de Gini. Alertamos que o novo Relatório sobre o Desenvolvimento Humano 2019 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) será centrado na desigualdade.
Constatamos também com os dados de 2018 da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), que a Argentina entra em recessão econômica com 2,5%, enquanto, os dois vizinhos, o Chile e o Paraguai, e o não vizinho, o Peru, avançam economicamente com uma taxa de crescimento do PIB de 4,0%. Vale lembrar que o Chile é o maior produtor e exportador global de cobre.
Considerações finais
Em suma, consideramos que o PROSUL pode se constituir num avanço em direção à liberdade econômica e à igualdade social na América do Sul.
Referências webgráficas
FMI. Nominal GDP. Disponível em: https://www.imf.org/. Acesso em 30 de março de 2019.
PIÑERA, Sebastián. Presidente Piñera tras cumbre en La Moneda: “Hoy se da inicio al proceso de creación de Prosur“. Disponível em: https://www.bing.com/videos/search?q=pinera+y+prosur&&view=detail&mid=56E115040B78B539EA8D56E115040B78B539EA8D&&FORM=VRDGAR. Acesso em 23 de março de 2019.
PNUD. Human Development Indices and Indicators 2018. Disponível em: http://hdr.undp.org/sites/default/files/2018_human_development_statistical_update.pdf . Acesso em 23 de março de 2019.
THE ECONOMIST. Why Prosur is not the way to unite South America. Disponível em: https://www.economist.com/the-americas/2019/03/23/why-prosur-is-not-the-way-to-unite-south-americ. Acesso em 23 de março de 2019.
VALOR ECONÔMICO. Argentina cai 2,5% e lidera frustração da AL em 2018. Disponível em: https://www.valor.com.br/internacional/6174631/argentina-cai-25-e-lidera-frustracao-da-al-em-2018?fbclid=IwAR1ZfD3WUCgU8hzn_i7S63_YQ8dKMZcH-hQqPapCOIViRySH6uFYkPccNfc. Acesso em 23 de março de 2019.
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