A crise e o palanque (ou o espelho de Narciso)

Eduardo José Monteiro da Costa[1]

Esta crise vem mostrando o que move cada um neste momento de crise na saúde pública e econômica. Alguns estão na torcida para que independentemente de quem esteja nos governos (federal, estadual e municipal) sejam adotadas as melhores atitudes e que ocorra por meio de ações adequadas e coordenadas uma minimização dos efeitos sociais e econômicos desta pandemia.

Outros, infelizmente, estão agindo com oportunismo, e alguns até mesmo torcendo e contribuindo para o quanto pior melhor. Por  trás de toda retórica, fingida e dissimulada, não está a preocupação com a saúde da população, os empregos ou com o brasileiro, empresários ou em situação de vulnerabilidade social. Está, lamentavelmente, a mais vil preocupação político-eleitoral. Toda ação, todo pronunciamento, toda estratégia de comunicação está direcionada para desgastar opositores e maximizar votos na próxima eleição. Torcem pelo quanto pior melhor ou olham apenas para o seu quadrado. A turma do “MEU GOVERNO”, um exercício interminável de inflar o próprio ego. Nutrem-se da vaidade, expressam um narcisismo político que os tornam incapazes de tirar o foco da própria imagem. São incapazes de pensar em ações conjuntas, complementares e articuladas.

E o fazem sem nenhuma desfaçatez.

Em síntese, a cada dia me convenço mais um pouco de que precisamos de uma nova geração na política. Que entre a popularidade e a responsabilidade, escolham a responsabilidade. Que não olhem para o espelho, mas para fora de seus “palácios governamentais” e vejam a realidade do povo brasileiro. Mas não somente fiquem a contemplar, refletir ou elucubrar teoricamente; que se transformem em homens práticos da política, da boa política, da política que busca servir a coisa pública e a sociedade.

 

[1] Doutor em Economia pela Unicamp e professor da UFPA. Correio eletrônico: ejmcosta@gmail.com