Comentários sobre leituras

Eduardo José Monteiro da Costa[1]

O retorno para a UFPA em 2019 me deu o privilégio de poder voltar a ler, escrever e pesquisar sobre o que gosto. Antes, na gestão pública, eu tinha de ler o que era obrigado. Não me cabia escolha. E nessa volta para a prática regular da leitura acadêmica tenho alternado novas leituras com a leitura de livros já lidos. Por várias vezes já comentei que a leitura de um livro clássico, ou mesmo um bom livro, que já li tem me trazido um prazer superior a muitos livros novos. Se bem que tive a oportunidade de ler bons livros pela primeira vez recentemente. E essa prática de leitura é curiosa, pois com muita frequência leio alguns livros ao mesmo tempo. Às vezes dois, às vezes três ou até mais.

Ontem terminei a leitura de dois livros, um novo e um que reli pela terceira vez.

O livro novo, Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano – de três autores latino-americanos (Plínio Mendoza, Carlos Montaner e Alvaro Llosa), um cubano, um colombiano e um peruano, que se converteram do marxismo para o liberalismo – acabou entrando na minha lista de leitura, pois alguns autores que li acabaram fazendo referência a esta obra. Por curiosidade acabei lendo-o. Curioso que no início da leitura um amigo, com quem comentei que estava iniciando essa leitura, me disse que a obra é um panfleto. Ao finalizar a leitura, deixo a minha opinião. Apesar de em alguns capítulos trazer à baila informações raras sobre a formação do pensamento social latino-americano, na minha opinião o livro foi uma grande decepção. Os pontos altos são o Prefácio, escrito por Roberto Campos, e a Apresentação, escrita por Mario Vargas Llosa.

O livro que reli pela terceira vez, Desenvolvimento como liberdade, do economista indiano Amartya Sen, foi surpreendente. Impressionante como a leitura de um livro depende de momento, do foco ou de sua maturidade. Pude perceber elementos que nas leituras anteriores não despertaram a minha atenção, mas pareceram neste momento translúcidas. Esse para mim é um livro mais do que obrigatório para quem deseja entender a problemática do desenvolvimento e atuar como sujeito na atual crise civilizatória que vivemos. Recomendo essa leitura.

[1] Doutor em Economia pela Unicamp e professor da UFPA. Correio eletrônico: ejmcosta@gmail.com