Exemplos positivos da sociedade
O início do outono foi marcado pela publicação de dois documentos apresentados por diferentes segmentos da sociedade com considerações críticas e sugestões para o enfrentamento da difícil situação vivida pelo País.
Um dos documentos, apresentado na forma de Carta Aberta à Sociedade Referente a Medidas de Combate à Pandemia, que se tornou conhecido como Carta dos Economistas, tem por título “O País Exige Respeito; a Vida Necessita da Ciência e do Bom Governo”. Conta com 500 assinaturas (de economistas na sua esmagadora maioria, entre os quais ex-ocupantes de cargos de primeiro escalão como Pedro Malan, Rubens Ricupero, Armínio Fraga, Maílson da Nóbrega, Pérsio Arida, Affonso Celso Pastore, Edmar Bacha e Elena Landau) e pode ser lido na íntegra em file:///C:/Users/Dell/Downloads/2509996288-carta-aberta-medidas-de-combate-a-pandemia-28com-assinaturas-29.pdf.
O outro documento foi apresentado pelo Movimento Convergência Brasil, que foi criado no final de 2020, contando com destacados empresários brasileiros, entre os quais Maria Luiza Trajano (Magazine Luiza), Jorge Gerdau Johannpeter (Grupo Gerdau), Hélio Magalhães, ex-presidente do Citi e presidente do conselho de administração do Banco do Brasil, Helena Nader, vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências, Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo, e Fabio Barbosa, membro do Conselho das Nações Unidas. O documento propõe um programa de renda mínima com recursos provenientes de privatizações e de economias decorrentes da reforma administrativa, na qual merece destaque a ideia de acabar com “penduricalhos” em salários do serviço público. Pela proposta, 30% das receitas obtidas seriam colocadas em um fundo financeiro administrado pelo BNDES. Mais informações estão disponíveis em https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,empresarios-articulam-proposta-para-programa-de-renda-basica-no-pais,70003655453.
Gostaria, em primeiro lugar, de salientar a importância das duas iniciativas, pois as contribuições dos diversos segmentos da sociedade são fundamentais para o aperfeiçoamento das instituições e para o amadurecimento da nossa democracia.
Depois de examinar os dois documentos, fiquei com a sensação de que o do Movimento Convergência Brasil é mais realista e aponta para soluções que demandam a participação de diversos segmentos da sociedade, quer do setor público (e não só do Executivo), quer do setor privado. Já a Carta dos Economistas atribui toda a responsabilidade pela situação atual ao governo federal, o que, a meu juízo, transforma-o num documento mais limitado e até tendencioso. Embora concorde que o presidente Bolsonaro tem sido pródigo em ações que beiram à irresponsabilidade, não considero adequado atribuir a ele toda a responsabilidade pela situação.
Fazendo coro ao jornalista William Waack, espero que essas manifestações de empresários e de economistas sejam vistas como alertas ao governo, que muitas vezes parece viver numa realidade paralela, e não como ameaças ou tentativas de desestabilização.
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