As duas maiores polêmicas de 2022
Mario R. A. Lewandowski
As previsões para as eleições brasileiras de 2022 estão a todo vapor. Ouso dizer que muitos devem ter lido matérias na virada do ano, assistido a análises ou ao menos discutido nas comemorações do Natal ou da Virada sobre quem seria o presidente do Brasil no ano que vem. Na Ceia, no entanto, em uma tentativa de evitar o debate que a polarização política recente tem gerado, optamos por falar de futebol. Naturalmente a pergunta de “quem vai se eleger” foi substituída por “quem vai ganhar a Copa do Qatar”.
Baseado nos preços das apostas do site SportingBet.com, os mais cotados são a França e o Brasil. Curiosamente há um paralelo inegável com o processo eleitoral brasileiro.
Primeiramente porque a França é o atual campeão e o Brasil um país com tradição de vitórias e estrutura de base. O cenário é similar aos resultados das pesquisas de opinião que colocam no segundo turno das eleições o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula. Em ambos os casos, ficam lado a lado o atual campeão e o candidato de uma agremiação com tradição e o maior número de vitórias, o PT. Se quisermos ampliar a metáfora poderíamos comparar um PSDB com a seleção Alemã, que dispõe de histórico e estrutura mas quase não figura entre os 5 favoritos.
A segunda similaridade é que em ambos os casos, não somente a competição não começou, mas os participantes também não foram definidos. De acordo com o calendário da FIFA, o sorteio da fase de grupos da Copa do Qatar irá ocorrer no dia 1º de abril de 2022. Hoje, mesmo as tabelas com os grupos e chaves de confrontos disponíveis estão todos em branco. Mesmo assim, há apostas e favoritos. No caso das eleições, o cenário é mais complicado: de acordo com o calendário eleitoral aprovado pelo TSE em 16 de dezembro, a janela de migração de candidatos acaba em 1º de abril, mas as chapas e os candidatos só serão definidos entre 20 de julho e 5 de agosto. Portanto, até lá não há candidaturas, somente “pré-candidatos”.
As apostas em quem será o presidente eleito, neste momento (e a rigor até 5 de agosto) é um exercício similar a adivinhar os campeões da Copa antes de abril, mas com algumas dificuldades adicionais, pois ainda há a possibilidade do TSE não aceitar ou invalidar chapas. Mesmo assim, já circulam especialistas dizendo que o segundo turno está definido ou que alguns candidatos já são inviáveis, como se fizessem pouco das chances da Alemanha no Qatar. Neste sentido, os comentaristas políticos aparentam ser mais confiantes nas suas projeções do que os comentaristas esportivos, que raramente fazem afirmações categóricas sobre o hexa brasileiro ou tricampeonato francês.
A terceira similaridade é que apesar de dois favoritos e uma falta de definição de quem eram todos os disputantes, a discussão na Ceia não foi menos polêmica, especialmente quando um primo rebelde levantou o tom de voz para apostar no Qatar e em um candidato que não chega a 1% nas pesquisas eleitorais.
Mario R. A. Lewandowski é empresário e economista formado pela FAAP, com especializações em compliance pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e pela Controladoria Geral da União (CGU), e certificados de inovação e desenvolvimento de negócios digitais pela Hyper Island.
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