A perspectiva mundial é de que a economia global desacelere ainda mais em 2023

 

Paulo Galvão Júnior*

 

Recentemente, o Banco Mundial, com sede em Washington, nos Estados Unidos, divulgou o novo relatório semestral intitulado Global Economic Prospects (em português, Perspectivas Econômicas Globais), com 198 páginas, no qual fornece indicadores econômico-financeiros e análises das tendências econômicas de economias avançadas (renda alta), emergentes (renda média) e pobres (renda baixa).

O economista norte-americano David Robert Malpass, o atual presidente do Grupo Banco Mundial, alerta para uma desaceleração econômica na economia global de 2,9% em 2022 para 1,7% em 2023 e ainda enfatiza que “Dadas às condições econômicas frágeis, qualquer novo acontecimento adverso – como inflação acima do esperado, aumentos abruptos nas taxas de juros para contê-la, ressurgimento da pandemia de Covid-19 ou tensões geopolíticas crescentes – pode levar a economia mundial à recessão” (BANCO MUNDIAL, 2023).

O Banco Mundial aponta uma acentuada e duradoura desaceleração econômica por causa de uma combinação de fatores como a Guerra na Ucrânia, as altas taxas de juros, a pandemia de Covid-19, a elevada dívida pública, a alta inflação global, as reduções dos investimentos privados, a queda das exportações, a crise energética na Europa e as mudanças climáticas.

Entre os 19 países do Grupo dos Vinte (G20) analisados pelo Banco Mundial, apenas um país com previsão de recessão econômica em 2023, a Federação Russa, com -3,3%, e, a maior taxa de crescimento econômico do PIB será da Índia, com 6,6%.

O Banco Mundial observou que a economia indiana é resiliente e a confiança dos empresários, dos consumidores e dos investidores nacionais e internacionais são altas em relação ao crescimento do PIB indiano em 2023.

Já as perspectivas econômicas do Banco Mundial para o Brasil são de crescimento do PIB de 3,0% em 2022 e de desaceleração para 0,8% em 2023. E o crescimento econômico de 5% em 2021 mudou para a incerteza que desacelera o PIB para 0,8% e o Brasil estar perigosamente perto de entrar em recessão econômica no ano de 2023.

Entre os países de renda baixa, a previsão é de crescimento do PIB de 7,1% de Níger, na África, e de queda de -3,2% da Síria, na Ásia, em 2023, de acordo com o Banco Mundial. Já entre os países situados no Leste da Ásia e no Pacífico destacam-se a projeção de crescimento econômico de 18,2% de Palau, na Oceania, e a desaceleração de 1,9% de Nauru, também na Oceania, em 2023.

A partir de informações do último relatório do Banco Mundial, entre os países localizados na Europa e na Ásia Central, destaca-se a taxa de crescimento do PIB de 5% do Tajiquistão, na Ásia Central, no ano de 2023, e, sobretudo, estima-se uma retração de -35,0% em 2022, na Ucrânia, exatamente no Leste Europeu, por causa da invasão russa ao território ucraniano desde 24 de fevereiro.

É muito importante comentar que o Banco Mundial prevê a paz entre os países vizinhos, Rússia e Ucrânia, já que aponta no relatório um crescimento da Ucrânia de 3,3% em 2023 e, principalmente, uma expansão de 1,6% no ano de 2024, da Rússia, que sofre com os severos impactos das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Japão, Suíça, Noruega, Austrália e União Europeia (UE).

Entre os países da América Latina e do Caribe, o Banco Mundial projeta crescimento econômico de 25,2% para a Guiana em 2023 e, sobretudo, a probabilidade de recessão econômica de -1,1% para o Haiti. Porém, é preciso ressaltar que não há indicadores nem projeções para a economia venezuelana pelo Banco Mundial, porque a Venezuela e o Turcomenistão foram excluídos dos agregados macroeconômicos entre países.

Entre as nações do Oriente Médio e da África do Norte, o Banco Mundial tem uma perspectiva econômica de crescimento do PIB de 5,3% de Djibuti, na África do Norte, e mais um ano turbulento na economia síria, de contração de -3,2% em pleno Oriente Médio. Já entre os países do Sul da Ásia, destacam-se o crescimento do PIB da Índia de 6,6% no ano de 2023 e uma recessão de -4,2% do Sri Lanka.

Finalmente, na África Subsaariana, a edição de janeiro de 2023, do relatório Global Economic Prospects, do Banco Mundial projeta que o PIB de Senegal crescerá 8,0% e, sobretudo, o PIB da Guiné Equatorial deverá sofrer uma contração de -2,6%.

A tendência mundial é da desaceleração nas economias avançadas como os Estados Unidos, a maior economia do planeta, com o crescimento previsto de 1,9% em 2022 e de 0,5% em 2023, como também, nas economias emergentes como a China, a segunda maior economia do mundo, e com relevante papel no crescimento do comércio internacional. De acordo com o Banco Mundial, a taxa de crescimento do PIB chinês foi de 2,2% em 2020, aumentou para 8,1% em 2021 e, em seguida, cairá para 2,7% em 2022 e a tendência é crescer para 4,3% em 2023.

Já para os vinte países da Zona do Euro, liderados por sua maior economia, a Alemanha, a estimativa é de crescimento do PIB de 3,3% em 2022 e a previsão é de 0,0% em 2023, em outras palavras, o Banco Mundial projeta estagnação econômica este ano.

Por fim, as previsões econômicas do Banco Mundial são preocupantes e estas análises econômicas terminam com duas relevantes conclusões, primeiro, a perspectiva mundial é de que a economia global desacelere ainda mais em 2023; segundo, a economia mundial se aproxima da recessão global no ano de 2023. Todavia, o que importa é que toda crise econômica é cíclica, tem início, meio e fim. Logo, as crises passam. 

 

Referência 

BANCO MUNDIAL. Global Economic Prospects. January 2023. Disponível em: https://openknowledge.worldbank.org/bitstream/handle/10986/38030/GEP-January-2023.pdf. Acesso em: 12 jan. 2023.

 

Economista, graduado em Ciências Econômicas pela UFPB, com especialização em Gestão em Recursos Humanos pela FATEC Internacional. Professor de Economia do Curso de Graduação em Ciências Contábeis e em Administração no UNIESP. E-mail: paulogalvaojunior@gmail.com.