Homenagem aos Economistas 2010

 

Memoráveis citações

 

Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser,

mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.”

Voltaire

 

No dia de hoje, 13 de agosto, comemora-se no Brasil o Dia do Economista. Por essa razão, tenho utilizado o espaço que me foi gentilmente concedido nestas Iscas Intelectuais, para, em alguns anos passados, escrever sobre o significado e a importância da profissão.

Este ano, optei por fazer algo diferente. Inspirado no excelente livro do Prof. Eduardo Giannetti (O livro das citações: um breviário de ideias replicantes) e na iniciativa do presidente Celso Mangueira, do Conselho Regional da Paraíba, que em 2009 lançou um livreto com citações e 13 textos sobre o economista, resolvi comemorar a data publicando 150 citações de economistas, nacionais e estrangeiros, do presente e do passado, que, de alguma forma, chamaram minha atenção. Não estão classificadas por temas, nem estão em sequência cronológica. Preferi colocá-las na ordem alfabética do sobrenome de seus autores.

Além da epígrafe, que para mim se constitui numa das mais fantásticas citações de todos os tempos, vou utilizar apenas mais uma citação de alguém que não seja economista. É a seguinte:

Não importa qual fosse o livro que eu estivesse lendo, adquiri o hábito de anotar por escrito sentenças isoladas ou passagens curtas que me parecessem dignas de atenção. Fazia isso tendo em vista o meu próprio uso ou para simples desfrute, como dizem os advogados, sem intenção alguma de publicar. Até que mais recentemente me ocorreu que pelo menos uma parte dessas citações – já na casa dos milhares – poderia despertar o interesse de outras pessoas. Daí este livro.

Viscount Samuel

Fiz questão de reproduzi-la porque também tenho o hábito de colecionar citações. Se não foram utilizadas para a publicação de um livro, como no caso do autor da citação, têm sido extremamente úteis para o desenvolvimento de minhas atividades. Reuni-las neste artigo é uma forma de compartilhar o prazer de sua leitura com os internautas, economistas ou não, que me prestigiam com a leitura dos artigos que venho publicando neste espaço desde maio de 2005.

Seria impossível agradar a todos com um esforço de seleção como o aqui empreendido. Haverá, certamente, quem critique a inclusão de algumas citações, assim como a ausência de outras. Fica, desde já, o convite para que me enviem suas sugestões para que, no Dia do Economista do ano que vem eu possa apresentar uma nova seleção de citações. Será um prazer recebê-las e publicá-las, juntamente com uma série de outras que, por motivo de espaço, tiveram de ser omitidas este ano.

As grandes indústrias de base, de capital intensivo, deverão ser decisivas como núcleos de atividades motrizes para o desenvolvimento da Região [Nordeste], tanto por serem atividades de exportação (no caso nordestino, contribuindo para corrigir o fosso comercial como Centro-Sul), como por provocarem encadeamentos a montante e a jusante e propiciarem bens intermediários de uso geral nas atividades secundárias, primárias e terciárias (caso das indústrias químicas de base). Essa visão corresponde à teoria das “indústrias de base” no desenvolvimento regional (e urbano), bem como à do desenvolvimento polarizado.

ALMEIDA, Rômulo

Crescer muito rápido é como tomar hormônio: provoca distúrbio fisiológico.

ARIDA, Pérsio

O Brasil foi o último país a terminar com a escravidão e o último também a terminar com a hiperinflação. Um registro nada brilhante, ainda mais quando se tem em mente que a inflação penalizava diretamente os mais pobres.

ARIDA, Pérsio

O meu ponto de vista é que a maior parte dos indivíduos subestima a incerteza do mundo. Isso é quase tão verdadeiro em relação aos economistas e outros especialistas quanto em relação ao público leigo. Para mim, o nosso conhecimento acerca de como as coisas funcionam, na natureza ou na sociedade, vagueia numa névoa de obscuridade. Enormes danos têm se seguido à crença na certeza, seja na inevitabilidade histórica, seja em esquemas diplomáticos ambiciosos ou em posições extremas sobre política econômica. Muita cautela se faz necessária quando se trata de elaborar políticas com grandes efeitos sobre um indivíduo ou a sociedade, pois não conseguimos prever todas as consequências.

ARROW, Kenneth

Os grandes economistas sempre desconfiaram do capitalismo e continuarão desconfiando, mas, embora o sistema tenha demonstrado ao longo do tempo uma enorme vitalidade e capacidade de adaptação e tenha sobrevivido a todas as teorias que proclamavam sua exaustão como modo de produção, é importante resgatar suas teses, já que elas se mostram extremamente úteis para entender o processo de acumulação capitalista e a situação atual de países como o Brasil.

 AVENA, Armando

Ainda do ponto de vista teórico, o fim do socialismo real parece desmentir as teses que propugnavam a construção do socialismo num só país, ou mesmo num bloco de países. Tudo leva a crer que não há mais qualquer possibilidade de isolacionismo num mundo cada vez mais integrado pelo comércio e pelas comunicações. Numa aldeia global integrada via satélite, não há como isolar populações, nem como impedir o confronto entre eficiência e produtividade ou mesmo entre níveis de vida. O socialismo real foi abatido pela ineficiência econômica, pela falta de produtividade, porque se mostrou incapaz de ingressar competitivamente na nova economia de alta tecnologia, porque não foi capaz de tornar-se uma alternativa econômica factível. A tese do socialismo num só país e grande parte das teses leninistas e stalinistas parecem estar no seu ocaso. Marx, no entanto, ainda pode ser resgatado pela vitalidade do seu edifício teórico, e mesmo na sua suposição de que o socialismo começaria pelos países mais desenvolvidos irradiando-se depois por todo o planeta. Dificilmente isso se dará através de uma revolução social clássica, mas quem sabe virá por meio de revolução tecnológica que vai revirar pelo avesso as atuais relações sociais de produção.

AVENA, Armando

Quero crer que a necessidade de aliar políticas de supressão da inércia inflacionária às políticas de controle monetário-fiscal constitua, a esta altura, matéria mais ou menos consensual entre os economistas brasileiros, pelo menos num nível conceitual.

 BACHA, Edmar

Todas as ideias econômicas importantes podem ser enunciadas de forma simples. Para desenvolver uma ideia, é claro, você pode precisar de algum aparato [formal] a fim de fazê-lo de um modo sistemático, mas você pode enunciar a essência de uma ideia de forma simples. E, quando as pessoas dizem que uma ideia é complicada em demasia para ser enunciada de forma simples, isso comumente significa que elas não sabem como enunciá-la de forma simples, algumas vezes pelo fato de que elas não a compreendem inteiramente.

BECKER, Gary

É definitivamente possível fazer a transição de uma sociedade rural para uma sociedade industrial, e desta para uma sociedade de serviços na velocidade que o mundo de hoje exige. O desafio para isso está em criar o ambiente econômico adequado e propiciar o florescimento de outras instituições que promovam o crescimento econômico.

BECKER, Gary

Diferentes restrições [às nossas ações] são decisivas em diferentes situações, mas a mais fundamental restrição é o tempo limitado. O progresso médico e econômico estendeu em grande medida a duração da vida, mas não o fluxo físico do tempo, que sempre a todos está restrito a vinte e quatro horas por dia. Assim, ao passo que os bens e serviços se expandiram enormemente nos países ricos, o tempo total disponível para consumi-los não o fez. Desse modo, desejos permanecem insatisfeitos nos países ricos assim como nos pobres. Pois, embora a crescente abundância de bens possa reduzir o valor de bens adicionais, o tempo se torna mais valioso à proporção que os bens ficam mais abundantes. Numa utopia em que os desejos de cada um estão plenamente satisfeitos, o bem-estar das pessoas não pode ser melhorado: mas o fluxo constante do tempo torna essa utopia impossível.

BECKER, Gary

O político é aquele indivíduo que pede dinheiro aos ricos e votosaos pobres, prometendo, se eleito, defender uns dos outros.

BUCHANAN, James

[…] um fator significativo no apoio popular ao socialismo ao longo dos séculos tem sido a convicção subjacente de que a passagem de uma atividade da esfera privada para a da escolha social envolveria a substituição da motivação de obter ganhos privados pela promoção do bem social.

BUCHANAN, James

(e TULLOCK, Gordon)

Devemos reconhecer a existência de obstáculos à expansão econômica em nosso país. Justifica-se, por isso, a atuação de nosso governo nalguns empreendimentos que noutros países foram iniciados e desenvolvidos por exclusiva iniciativa particular. Não devemos desprezar, também, o fato de sermos descendentes de um povo que viveu no apogeu do comércio de mercadorias de alto valor de troca. Essa influência ainda se faz sentir entre nós. Enveredamos, de vez em quando, pelos expedientes das “valorizações” e, frequentemente, julgamos preferível alcançar um acréscimo de receita por meio de um aumento de preços a consegui-lo em função de um aumento da eficiência da produção. No Brasil, não obstante a evidência do espírito de empreendimento dos particulares, há a necessidade de uma política governamental com o objetivo de desencorajar a formação de receitas pecuniárias e de incentivar, por vários modos, o aumento da renda em função do aumento da produção. E a base principal dessa orientação econômica reside num amplo e intenso sistema de política monetária, que, obviamente, envolve a política de investimentos.

BULHÕES, Octavio Gouvêa de

O mundo não será salvo pelos caridosos, mas pelos eficientes.

CAMPOS, Roberto

Nossa Constituição é uma mistura de dicionário de utopias e regulamentação minuciosa de efêmero.

CAMPOS, Roberto

Empresa privada é aquela que o governo controla, empresa estatal é aquela que ninguém controla.

CAMPOS, Roberto

No mundo real dos Estados e dos governos, quem gasta o dinheiro tirado de todos não é quem o ganha, e sim um político ou burocrata que, antes de mais nada, trata de servir aos seus próprios objetivos.

CAMPOS, Roberto

No socialismo as intenções são melhores que os resultados. No capitalismo os resultados são melhores que a intenção.

CAMPOS, Roberto

Sempre lutei contra três de nossas deformações culturais: o escapismo que visa a inculpar demônios externos pelos pecados internos; o antidarwinismo, caracterizado pelo horror à concorrência e o apego corporativista a privilégios estatais; e o anticontratualismo característico das sociedades frouxas (soft societies) a que se referia Gunnar Myrdal, rebeldes às leis e relaxadas nos contratos.

CAMPOS, Roberto

O fim da jornada é um momento que enseja questionamento sobre o esforço e a rota. Meu esforço foi certamente maior que o resultado. Previ a rota desejável, sem conseguir fundamentalmente mudar os acontecimentos. […] Se tivesse que fazer uma autocrítica, à luz das estórias que contei, diria que fui antes um pregador de idéias do que um operador eficaz. […] Minha geração falhou na tarefa de fazer do futuro o presente, lançando o país numa trajetória de crescimento sustentado, sem inaceitáveis desníveis de renda e oportunidades.

CAMPOS, Roberto

A Economia nos ensina que os homens fazem escolhas, colocando na balança os custos e os benefícios de suas ações, e tentam maximizar o proveito individual que eles têm com elas. É esse princípio, o que o economista sabe, e é incrível como algo tão comezinho possa dar margem à criação de uma ciência que tem tanto poder, seja para explicar coisas que nós observamos, como fazer predições e prescrever políticas.

CARDOSO, Eliana

O milagre brasileiro é ter avançado tanto, apesar da origem vira-lata do país e dos escandalosos descompassos do presente.

CASTRO, Cláudio de Moura

O saber é a única ferramenta de produção que não está sujeita a rendimentos decrescentes.

CLARK, J. M.

Os custos de transação dependem das instituições de um país, ou seja, de seu sistema jurídico, seu sistema político, seu sistema social, seu sistema educacional, sua cultura e assim por diante. Com efeito, são as instituições que comandam o desempenho de uma economia e é daí que deriva a importância da Nova Teoria Institucional para os economistas.

 COASE, Ronald

O desenvolvimento deve ser um estado de espírito com condições objetivas. Brasília, por exemplo, alterou as condições do brasil. Brasília alterou a geometria do espaço com seus efeitos ex post. A sociedade brasileira sempre teve reações adversas com relação a importantes inovações. A priori muitos integrantes do quadro social pareciam dar importância para os grandes teóricos. A posteriori todos os teóricos a que nos referimos estavam errados. A teoria econômica não é a reprodução um por um da realidade. E a reprodução de um por cem, de um por mil, de um por um milhão.

DELFIM NETTO, Antonio

O capital é como água. Sempre flui por onde encontra menos obstáculos.

DELFIM NETTO, Antonio

A parte mais sensível do corpo humano é o bolso.

DELFIM NETTO, Antonio

As reivindicações de governadores e prefeitos não cabem no PIB brasileiro. Possivelmente, nem no americano.

DELFIM NETTO, Antonio

A persistência do desalento, apesar de um histórico indubitável de conquistas, sugere que o mal-estar em relação à economia é mais moral e psicológico que econômico. […] Nos países ricos, a alimentação excessiva é um problema mais comum que a má nutrição, e as oportunidades de auto-realização (oportunidades de alcançar o potencial) são mais desigualmente distribuídas que a comida, os bens duráveis ou a assistência médica. O problema da auto-realização tem diferentes aspectos e diferentes soluções para jovens e velhos, minorias raciais e étnicas e para as mulheres, mas apesar disso todos desembocam na crise moral que é o traço distintivo de nossa época e a maior ameaça à sobrevivência de nossa sociedade.

FOGEL, Robert

Acelerar a economia demais acaba levando a uma derrapagem.

FRAGA, Armínio

Depois que eu saí do Banco central fiquei pensando: onde um cara com meu currículo pode usar todo o seu potencial? No táxi! Porque quem manja mesmo de economia e de qualquer outra coisa são os taxistas.

FRAGA, Armínio

Existe uma relação íntima entre economia e política; somente determinadas combinações de organizações econômicas e políticas são possíveis; e, em particular, uma sociedade socialista não pode também ser democrática, no sentido de garantir a liberdade individual.

FRIEDMAN, Milton

A Grande Depressão nos Estados Unidos, longe de ser um sinal da instabilidade inerente do sistema de empresa privada, constitui testemunho de quanto mal pode ser feito por erros de um pequeno grupo de homens – quando dispõem de poderes vastos sobre o sistema monetário de um país.

FRIEDMAN, Milton

É possível que estes erros [cometidos pelo Federal Reserve System no período da Grande Depressão] possam ser desculpados na base do conhecimento disponível naquela ocasião – embora eu ache que não. Mas, este não é realmente o ponto. Qualquer sistema que dê tanto poder a um grupo de homens cujos erros – compreensíveis ou não – podem ter efeitos tão severos e amplos é um mau sistema. É um mau sistema para os que acreditam na liberdade justamente porque dá a poucos homens um poder tão grande sem que seja exercido nenhum controle efetivo pelo corpo político – este é o argumento-chave político contra um banco central “independente”. Mas é um mau sistema, mesmo para os que põem a segurança acima da liberdade. Erros, compreensíveis ou não, não podem ser evitados em sistemas que dispersam a responsabilidade, mas dão poderes amplos a um pequeno grupo de homens e, portanto, tornam ações políticas importantes altamente dependentes de acidentes de personalidade. É este o argumento-chave técnico contra a existência de um banco central “independente”. Parafraseando Clemenceau, dinheiro é coisa importante demais pra ser deixado aos bancos centrais.

FRIEDMAN, Milton

Devido à corrupção do termo liberalismo, os pontos de vista que eram por ele representados anteriormente são agora considerados freqüentemente conservadorismo. Mas não se trata aqui de uma alternativa satisfatória. O liberal do século XIX era um radical – no sentido etimológico de ir até às raízes das questões, e no sentido político de ser favorável a alterações profundas nas instituições sociais. Assim, pois, deve ser o seu herdeiro moderno. Não desejamos conservar a intervenção do Estado, que interferiu tanto em nossa liberdade, embora desejemos, é claro, conservar a que a tenha promovido. Além disso, na prática, o termo conservadorismo acabou por designar um número tão grande de pontos de vista – e pontos de vista tão incompatíveis um com o outro – que, muito provavelmente, acabaremos por assistir ao nascimento de designação do tipo liberal-conservadorismo e aristocrático-conservadorismo.

FRIEDMAN, Milton

Inflação é uma forma de imposto que pode ser decretada sem legislação.

FRIEDMAN, Milton

As teorias econômicas falecem de uma dupla debilidade. […] A primeira deriva de que as hipóteses explicativas são formuladas com respeito ao comportamento de modelos demasiadamente simplificados, o que em grande parte se deve à aplicação de técnicas de análise elaboradas para outro tipo de trabalho científico. Essa primeira falha é de natureza universal e vem sendo superada através de um grande esforço feito no sentido de melhorar a base de observação empírica, através da acumulação de informações estatísticas e outras, e também no sentido de desenvolvimento autônomo de técnicas de análise, inclusive no campo matemático. […] A segunda debilidade, específica da economia ensinada em nosso país, tem sua raiz em que as teorias correntes, em sua generalidade, foram formuladas para explicar o comportamento de estruturas distintas da nossa. As diferenças entre as estruturas desenvolvidas e subdesenvolvidas parecem ser suficientemente grandes para retirar parte substancial da eficácia explicativa de muitas das teorias econômicas de maior aceitação. Ora, como ainda não existe um corpo de teorias, ou de variantes teóricas, elaboradas diretamente para explicar o comportamento de uma economia subdesenvolvida, semi-industrializada, com insuficiência crônica de capacidade para importar, com excedente estrutural de mão-de-obra em todas as direções, como é a nossa, não é de admirar que o estudante de economia saia de sua escola e comece a enfrentar o mundo real com mais dúvidas e perplexidades do que outra coisa.

FURTADO, Celso

Nosso estruturalismo, desenvolvido na década de 1950, enfatizava a importância dos parâmetros não-econômicos nos modelos macroeconômicos. Na medida em que o comportamento das variáveis econômicas depende intensamente daqueles parâmetros – que se formam e evoluem num contexto histórico – não se pode separar o estudo dos fenômenos econômicos do seu contexto histórico. Essa observação adquire particular importância em sistemas econômicos social e tecnologicamente heterogêneos, como os das economias subdesenvolvidas. […] Num certo sentido, os estruturalistas latino-americanos voltaram-se para a tradição marxista, na medida em que esta enfatiza a análise das estruturas sociais como um meio para compreender a atuação dos agentes econômicos. Essa tentativa de ampliar a estrutura conceitual com vistas à inclusão dos fatores internos e externos que condicionam o processo decisório acabou conduzindo-os à teoria da dependência.

FURTADO, Celso

Ao estabelecer a significação do não-econômico nas cadeias de decisões que levam à transformação dos conjuntos econômicos complexos, a Teoria do Desenvolvimento encarrega-se de pôr a descoberto suas próprias limitações como instrumento de previsão. Na medida em que o não-econômico traduz a capacidade do Homem para criar História e inovar, no sentido mais fundamental, a previsão econômica tem necessariamente de limitar-se a estabelecer um campo de possibilidades, cujas fronteiras perdem rapidamente nitidez com a ampliação do horizonte temporal.

FURTADO, Celso

A gama maravilhosa de culturas que já surgiram sobre a Terra testemunha o fabuloso potencial de inventividade do homem. Se algo sabemos do processo de criatividade cultural, é exatamente que as potencialidades do homem são insondáveis: em níveis de acumulação que hoje nos parecem extremamente baixos produziram-se civilizações que, em muitos aspectos, não foram superadas.

FURTADO, Celso

Na economia capitalista o processo de acumulação marca sobre dois pés: a inovação, que permite discriminar entre consumidores, e a difusão, que conduz à homogeneização de certas formas de consumo. Ao consumidor cabe um papel essencialmente passivo: a sua racionalidade consiste exatamente em responder “corretamente” a cada estímulo a que é submetido. As inovações apontam para um nível mais alto de gastos, que é a marca distintiva do consumidor privilegiado. Mas o padrão inicialmente restritivo terá de ser superado e difundido, a fim de que o mercado cresça em todas as dimensões. As leis desse crescimento condicionam a criatividade.

FURTADO, Celso

Especificamente, o planejamento industrial exige que os preços estejam sob controle. A tecnologia moderna reduz a segurança do mercado e aumenta o comprometimento de tempo e capital que se exigem na produção. Por essa razão, não se podem deixar os preços aos caprichos do mercado não dirigido.

GALBRAITH, John Kenneth

Todos haverão de concordar que a economia, da maneira como é praticada, preocupa-se obsessivamente com o futuro. A cada mês nos Estados Unidos, homens e mulheres reputadamente cultos e inteligentes espalham-se pela nação para apresentarem suas opiniões sobre as perspectivas econômicas, e também sobre o panorama político e social. Milhares lhes darão ouvidos. Os administradores e suas empresas pagarão caro pelo privilégio de conhecerem estas visões e, se forem sábios, tratarão os conhecimentos assim adquiridos com inteligente descrença. A qualificação mais comum dos prognosticadores econômicos não é o saber, mas sim o não saberem que nada sabem. Seu maior trunfo é que todas as previsões, certas ou erradas, são logo esquecidas. Há por demais delas e, se o lapso de tempo for suficiente, não só a memória do que foi dito terá desaparecido, como também um número apreciável daqueles que fizeram ou ouviram tais prognósticos. Como observou Keynes, “A longo prazo estaremos todos mortos.

GALBRAITH, John Kenneth

Morre-se mais de indigestão do que de fome nos Estados Unidos.

GALBRAITH, John Kenneth

O tabelamento de preços é como o segundo casamento: é a vitória da esperança sobre a experiência.

GALBRAITH, John Kenneth

Os melhores exemplos de países que crescem hoje em dia a um ritmo acelerado combinam, em maior ou menor grau, uma tributação benigna, um elevado investimento público e um firme apoio à educação, com ênfase na criação de riqueza e no apoio à inovação. Isso pouco tem a ver com o nosso modelo de atuação estatal em que o Governo transfere renda para um número crescente de pessoas, ficando, em compensação, quase sem recursos para expandir as atividades de infraestrutura.

GIAMBIAGI, Fabio

Quando os historiadores se debruçarem sobre o que aconteceu no Brasil nos últimos 15 anos, certamente tratarão as taxas de juros observadas no período como uma anomalia, assim como também foi uma anomalia a inflação altíssima que iremos entre o começo dos anos 80 e Plano Real de 1994. Há, porém, uma diferença fundamental entre os processos de saída das duas situações: enquanto o país deixou para trás aquela inflação louca de 24 horas em meados de 1994, com o “truque” da URV, o ato de “deixar para trás” as taxas de juros elevadas que têm acompanhado o Brasil na década passada e na atual será um processo de tomará seu tempo. É preciso ter cuidado, portanto, com soluções vistas como salvadoras de quem diz ter a receita para mudar esse estado de coisas da noite para o dia.

GIAMBIAGI, Fabio

O capital humano representa o grau de capacitação da comunidade para o trabalho qualificado, a inovação científica, a liderança e a organização a nível empresarial privado e na vida pública. Ele é constituído não somente pelo investimento das famílias e da sociedade como um todo na capacidade produtiva das pessoas, mas também por elementos de natureza ética como, por exemplo, a capacidade dos indivíduos de perceber e agir consistentemente com base em interesses comuns, ou ainda de respeitar na prática regras gerais de conduta – as “regras do jogo” – das quais todos os participantes se beneficiam, embora para isso precisem restringir alguns de seus interesses pessoais – ou de grupo- mais imediatos.

GIANNETTI, Eduardo

A convivência com a inflação é uma escola de oportunismo, imediatismo e corrupção. A ausência de moeda estável encurta os horizontes do processo decisório, torna os ganhos e perdas aleatórios, acirra os conflitos pseudodistributivos, premia o aproveitador, desestimula a atividade produtiva, promove o individualismo selvagem, inviabiliza o cálculo econômico racional e torna os orçamentos do setor público peças de ficção contábil.

GIANNETTI, Eduardo

A globalização não é apenas a palavra da moda, mas a síntese das transformações radicais pelas quais vem passando a economia mundial desde o início dos anos 80. Suas dimensões básicas, que estão revolucionando a atividade produtiva e o modo de vida neste fim de milênio, são a aceleração do tempo e a integração do espaço. O paradoxo é que embora façamos as coisas que desejamos em cada vez menos tempo, falte também cada vez mais tempo para fazer aquilo que desejamos. Quanto mais economizamos tempo, mais carecemos dele.

GIANNETTI, Eduardo

A hipérbole é inimiga da precisão. Mas é difícil resistir a uma sensação de assombro e vertigem diante da velocidade com que o mundo vem se transformando de alguns anos para cá. Não é a primeira vez, é verdade, que isso acontece. Já na Primeira Revolução Industrial, por exemplo, era lugar comum afirmar-se ‘que na era das ferrovias e da máquina a vapor, a década substitui ao século’. A diferença é que agora estamos trocando anos por hora, meses por minutos e dias por segundos.

GIANNETTI, Eduardo

Antecipar custa, retardar rende. Os mecanismos da troca intertemporal na natureza pertencem a duas modalidades básicas. A primeira é “usufruir agora, pagar depois”. O benefício é antecipado no tempo, ao passo que os custos chegam depois. A segunda categoria de troca inverte os termos da primeira: “pagar agora, usufruir depois”. Os custos precedem os benefícios. Em certos casos, porém, o processo é mais complexo. A troca intertemporal envolve a comparação entre duas (ou mais) possibilidades alternativas que se definem no âmbito de uma mesma modalidade de operação. O que está em jogo aí são os benefícios e custos relativos de diferentes opções.

GIANNETTI, Eduardo

A escolha intertemporal é uma via de mão dupla: antecipar ou retardar? Importar valores do futuro para desfrute imediato (posição devedora) ou remeter valores do presente para desfrute futuro (posição credora)? Se as escolhas o presente determinam em larga medida o nosso futuro, o futuro sonhado determina, ao menos em parte, as escolhas que fazemos no presente.

GIANNETTI, Eduardo

Poucas áreas da existência humana revelam de forma tão contundente os limites da racionalidade econômica como o uso do tempo. Não menos que a fé na embriaguez, a intensificação da consciência da passagem do tempo e do imperativo de usá-lo racional e calculadamente pode se tornar um estado mórbido. Existe algo profundamente errado com a idéia de transpor para o emprego do tempo a lógica maximizadora da utilidade e do dinheiro. O paradoxo é claro. Quanto mais cuidamos de usar racionalmente o nosso precioso tempo, mais o vírus da pressa, a espora da aflição e o fantasma do desperdício nos perseguem. Quanto mais calculamos o beneficio marginal de uma hora “gasta”desta ou daquela maneira, mais nos afastamos de tudo aquilo que gostaríamos que ela fosse: um momento de entrega, abandono e plenitude na correnteza da vida. Na amizade no amor; no trabalho criativo e na busca do saber; no esporte e na fruição do belo – as horas mais felizes de nossas vidas são precisamente aquelas em que perdemos a noção da hora. O excesso de juízo carece de juízo.

GIANNETTI, Eduardo

O modo capitalista de produção entra em uma época propriamente global, e não apenas internacional. Assim, o mercado, as forças produtivas, a nova divisão internacional do trabalho, a reprodução ampliada do capital desenvolvem-se em escala mundial.

GONÇALVES, Reinaldo

As “teorias” do desenvolvimento econômico são, como sabemos, múltiplas e variadas. É o “desenvolvimento balanceado” de Rosenstein-Rodan e Nurske, é o “imbalanceado” de Hirschman; é o “take-off” de Rostow; são as fórmulas de Harrod-Domar; é o critério da produtividade marginal social (SPM) de Khan; é o de Galenson & Leibenstein de maximização, não da renda nacional, mas a poupança, através da taxa de lucros etc. O que se pode dizer da maioria dessas teorias é que há nelas muita imaginação, mas pouca teoria. Ao passo que a teoria do Comércio Internacional aí está há século e meio com seus postulados fundamentais de pé.

GUDIN, Eugênio

Os países da América Latina não precisam criar uma civilização. Ela já foi criada pela Europa nos últimos quatro séculos. Cabe-nos assimilar essa civilização.

GUDIN, Eugênio

O principal mérito do individualismo proposto por Adam Smith e seus contemporâneos é que se trata de um sistema em que os homens maus podem provocar menos danos. É um sistema social que não depende, para o seu funcionamento, nem da nossa capacidade de encontrar homens bons para o levar por diante nem de que todos os homens se tornem melhores do que são agora, mas que faz uso dos homens em toda a sua diversidade e com todas as suas reais complexidades, umas vezes bons, outras maus, umas vezes inteligentes, mais frequentemente estúpidos.

 HAYEK, Friedrich A.

Num país onde o único empregador é o Estado, a oposição significa morte por inanição. O velho princípio de que quem não trabalha não come é substituído por um novo princípio: quem não obedece não come.

HAYEK, Friedrich A.

Quando eu era novo, o liberalismo era velho; agora que eu estou velho, o liberalismo é que voltou a ser novo.

HAYEK, Friedrich A.

A economia moderna imita o pára-quedas: só funciona quando está aberta.

 HIRSCHMAN, Albert

A economia só resolve um problema antigo gerando dois ou mais problemas novos.

HIRSCHMAN, Albert

Parece perfeitamente claro que a Economia, se quiser ser uma ciência, deve ser uma ciência matemática. Existe muito preconceito contra as tentativas de introduzir os métodos e a linguagem da Matemática em qualquer ramo das Ciências Morais. Muitas pessoas parecem afirmar que as Ciências Físicas formam a própria esfera do método matemático, e que as Ciências Morais exigem outro método, não sei qual. Minha teoria econômica, entretanto, é puramente matemática em seu caráter. […] Não sei quando devemos ter um sistema perfeito de estatística, mas a necessidade de um é o único obstáculo insuperável no caminho para transformar a Economia Política numa Ciência Exata.

JEVONS, William Stanley

O trabalhador gasta o que ganha e o capitalista ganha o que gasta.

KALECKI, Michal

O principal problema de uma economia capitalista desenvolvida é a adequação da demanda efetiva. Tal economia possui um equipamento de capital que mais ou menos se equipara à força de trabalho existente e, portanto, poderia gerar uma bem mais elevada renda per capita se seus recursos fossem plenamente utilizados. Isso, todavia, não é necessariamente o caso. […] De fato, é claro para nós hoje em dia que o problema da subutilização de recursos é, em certo sentido, inerente a uma economia capitalista desenvolvida e que, pelo menos potencialmente, pode surgir a qualquer momento.

KALECKI, Michal

Para aqueles que lutam pelo pão diário, o ócio é um prêmio longamente antecipado – até que eles o conquistam.

KEYNES, John Maynard

As idéias dos economistas e dos filósofos políticos, tanto quando estão certas como quando estão erradas, são muito mais poderosas do que normalmente se imagina. Na verdade, o mundoé governado por pouco mais que isso. Homens práticos,que se julgam absolutamente imunes a quaisquer influências intelectuais, em geral são escravos de algum economista já falecido. Os malucos no poder, que ouvem vozes no ar, destilam seus devaneios de algum escritor acadêmico do passado.

KEYNES, John Maynard

Enquanto os milionários encontrarem sua satisfação na construção de enormes mansões para conter seus corpos quando vivos e pirâmides para abrigá-los depois da morte, ou, arrependendo-se de seus pecados erigirem catedrais e doarem mosteiros ou missões estrangeiras, o dia em que a abundância do capital irá interferir na abundância da produção deverá ser postergado. “Cavar buracos no chão”, pago pela poupança, irá aumentar, não apenas o emprego, mas o dividendo nacional real de mercadorias e serviços úteis.

KEYNES, John Maynard

Não há nada tão perturbador para o bem-estar e a auto-estima de alguém quanto ver um amigo enriquecer.

KINDLEBERGER, Charles

A opinião de que os mercados em geral funcionam bem, porém quebram ocasionalmente, é amplamente contrária a duas visões extremas: a de que os mercados financeiros e de produtos primários funcionam perfeitamente em todos os tempos e lugares, e a de que eles sempre funcionam mal e deveriam ser substituídos por planejamento ou controle governamental. Ao contrário, sustento que de modo geral os mercados funcionam bem e pode-se como norma deixar que decidam a alocação dos recursos e, dentro de certos limites, a distribuição de renda, mas que vez por outra são pressionados e precisam de ajuda. O dilema, claro, é que se eles sabem com antecipação que a ajuda está prestes a vir, com generosas isenções, quebram com mais facilidade e funcionam com menos eficiência.

KINDLEBERGER, Charles

Não se pode sustentar que a civilização por si mesma faz os homens “mais felizes” do que eles são na condição selvagem.

KNIGHT, Frank

Os problemas básicos [da sociedade moderna] são problemas de valor, em relação aos quais as ciências naturais têm pouca relevância. Para começar, o conhecimento científico confere poder, mas tem pouco a dizer sobre os fins para os quais esse poder poderá ser utilizado, mesmo que seja exercido por uma pessoa. Ele mostra como fazer coisas, de que forma atingir um objetivo concretamente definido, mas não que objetivos atingir.

KNIGHT, Frank

O fato a ser observado é que o processo de globalização econômica é cada vez mais intenso na economia mundial. Embora, como veremos, não haja ainda uma uniformidade teórica de conceitos, o que, sob alguns aspectos, torna difícil a sua caracterização, é a extraordinária mobilidade e crescente volume dos investimentos diretos estrangeiros que se revela mais visível. Por outro lado, um aspecto a ser ressaltado é da crescente intangibilidade da riqueza, o que dificulta a ação dos Estados Nacionais e das empresas.

LACERDA, Antonio Corrêa de

Mas esta é a grande lição a ser extraída da história do século XX: o processo político (em qualquer de suas formas) é muitíssimo menos competente do que o mercado para administrar o problema econômico da escassez. Aprendemos também que o socialismo não funciona (exceto no céu, onde é dispensável e no inferno, onde sempre existiu), e que a “terceira via” é o melhor caminho para o Terceiro Mundo, conforme a advertência de Václav Klaus.

LEME, Og

O exagero no desenvolvimento sustentável pode levar ao subdesenvolvimento insustentável.

MACEDO, Roberto

A diferença entre o Brasil e a Argentina é que enquanto a Argentina sonha com um passado que não volta, o Brasil sonha com um futuro que não chega.

MACEDO, Roberto

A economia do desenvolvimento não nega a importância do mecanismo de preços nem pretende, nas políticas de desenvolvimento, substituir o mercado pelo governo. Sua posição é bem resumida em uma frase frequentemente citada de Arthur Lewis, a propósito das políticas de desenvolvimento: “Governos podem falhar, ou porque fazem muito pouco, ou porque fazem demais.” Ou seja, não se trata de substituir o mercado, mas simplesmente de corrigir suas deficiências no que se refere ao objetivo de eliminar o atraso econômico.

MAGALHÃES, João Paulo de Almeida

Enquanto a inflação, nos termos definidos pela mainstream economics, pode ser considerada como resultado do excessivo aumento da moeda, na visão heterodoxa esse aumento constitui efeito, e não causa da espiral de preços.

 MAGALHÃES, João Paulo de Almeida

Na visão neoclássica, o controle da inflação deve ser obtido através de políticas monetárias destinadas a garantir o rigoroso cumprimento das metas de inflação. Para o desenvolvimentismo, a estabilidade de preços deve ser obtida através de política de rendimentos que compatibilize as reivindicações dos agentes econômicos com o tamanho do PIB. A prioridade concedida às metas de inflação pode entrar em choque com o crescimento econômico. O correto é adotar metas de desenvolvimento e definir, em função delas, os meios e modos de manter o equilíbrio monetário.

MAGALHÃES, João Paulo de Almeida

As medidas que estão sendo tomadas – e as que forem tomadas no G-20 levarão à superação da crise, porque, não tenhamos dúvidas, ela será superada em algum momento, que ninguém é capaz de prever quando. Não será a curtíssimo prazo, não se contará esse tempo em trimestres, talvez não em apenas um par de anos, mas ela será superada um dia, como foram todas as crises do passado.

MALAN, Pedro

Há enorme expectativa quanto à montagem de uma estrutura institucional de regulação e supervisão que possa evitar a repetição de crises como a que estamos vivendo [em 2009]. Não evitá-las completamente, porque elas sempre existirão, é da natureza humana. Há pelo menos 300 anos de história mostrando que a combinação de ambição, medo, incerteza, ignorância e comportamentos coletivos nem sempre racionais no seu conjunto levam à emergência de crises financeiras e quem gosta de história sabe disso.

MALAN, Pedro

O grau de prosperidade do povo não pode senão diminuir,quando um dos mais fortes obstáculos ao ócio e ao desperdício é então removido e quando os homens são levados a casar com pouca ou nenhuma perspectivade poder sustentar uma família com independência.

MALTHUS, Thomas Robert

Penso que posso elaborar adequadamente dois postulados.

Primeiro: Que o alimento é necessário para a existência do homem.

Segundo: Que a paixão entre os sexos é necessária e que permanecerá aproximadamente em seu atual estágio.

Essas duas leis, desde que nós tivemos qualquer conhecimento da humanidade, evidenciam ter sido leis fixas de nossa natureza e, como nós não vimos até aqui nenhuma alteração nela, não temos o direito de concluir que elas nunca deixarão de existir como existem agora, sem um pronto ato de poder daquele Ser que primeiro ordenou o sistema do universo e que parra proveito de suas criaturas ainda faz, de acordo com leis fixas, todas estas variadas operações.Então, adotando meus postulados como certos, afirmo que o poder de crescimento da população é indefinidamente maior do que o poder que tem a terra de produzir meios de subsistência para o homem.A população, quando não controlada, cresce numa progressão geométrica. Os meios de subsistência crescem apenas numa progressão aritmética. Um pequeno conhecimento de números demonstrará a enormidade do primeiro poder em comparação com o segundo.

MALTHUS, Thomas Robert

A ciência da economia política é essencialmente prática e aplicável às atividades comuns da vida humana. Existem poucos ramos do conhecimento humano em que ideias falsas podem provocar mais danos ou ideias justas mais benefícios.

MALTHUS, Thomas Robert

Não será provavelmente um bom economista quem não é nada mais do que isso.

MARSHALL, Alfred

A economia é um estudo da humanidade na atividade comum da vida; ela examina a parte da ação individual e social que está mais intimamente ligada aos resultados e ao uso dos requisitos materiais do bem-estar.

MARSHALL, Alfred

O mais valioso de todos os capitais é aquele investido em seres humanos.

MARSHALL, Alfred

Nas camadas mais baixas da população, o mal é grande. Pos os parcos meios e educação dos pais e sua relativa incapacidade de antever, com um mínimo de realismo, o futuro, impedem-nos de investir capital na educação e treinamento dos seus filhos, com a mesma liberalidade e audácia com que o capital é aplicado no aprimoramento da maquinaria de qualquer fábrica bem administrada […] Por fim, eles [os filhos de pais pobres] vão para o túmulo carregando consigo aptidões e habilidades que jamais foram despertas. [Aptidões] que, se tivessem podido dar frutos, teriam adicionado à riqueza material do pais – para não falarmos em considerações mais elevadas – diversas vezes mais do que teria sido necessário para cobrir as despesas de prover oportunidades adequadas para o seu desenvolvimento […] Mas o ponto sobre o qual devemos insistir agora é que o mal tem caráter cumulativo. Quanto pior a alimentação das crianças de uma geração, menos irão ganhar quando crescerem e menores serão seus poderes de prover adequadamente as necessidades materiais de seus filhos e assim por diante nas gerações seguintes. E, ainda, quanto menos suas próprias faculdades se desenvolvam, tanto menos compreenderão a importância de desenvolver as melhores faculdades de seus filhos e menor será sua capacidade de fazê-lo.

MARSHALL, Alfred

Não existe extravagância mais prejudicial ao crescimento da riqueza nacional do que aquela negligência esbanjadora que permite que uma criança bem-dotada, que nasça de pais destituídos, consuma sua vida em trabalhos manuais de baixo nível. Nenhuma mudança favoreceria tanto a um crescimento mais rápido da riqueza material quanto uma melhoria das nossas escolas, especialmente aquelas de grau médio, desde que possa ser combinada com um amplo sistema de bolsas de estudo, permitindo, assim, ao filho inteligente de um trabalhador simples que ele suba gradualmente, de escola em escola, até conseguir obter a melhor educação teórica e prática que nossa época pode oferecer.

MARSHALL, Alfred

E agora, no fim de quase meio século de estudo quase exclusivo de economia, estou consciente de uma maior ignorância dela do que de início.

MARSHALL, Alfred

A história de todas as sociedades que já existiram é a história da luta de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, chefe de corporação e assalariado; resumindo, opressor e oprimido estiveram em constante oposição um ao outro, mantiveram sem interrupção uma luta por vezes aberta – uma luta que todas as vezes terminou com uma transformação revolucionária ou com a ruína das classes em disputa.

MARX, Karl

(e ENGELS, Friedrich)

Os comunistas não procuram ocultar seus pontos de vista ou objetivos. Declaram abertamente que suas metas só podem ser atingidas pela derrocada à força de todas as condições sociais existentes. Deixem que as classes governantes tremam de medo diante de uma revolução comunista. Os proletários não têm nada a perder, a não ser seus grilhões. E têm tudo a ganhar. Trabalhadores de todos os países, uni-vos!

MARX, Karl

(e ENGELS, Friedrich)

O que distingue uma época econômica de outra é menos o que se produziu do que a maneira de produzir.

MARX, Karl

Quanto menos tempo uma sociedade requer para produzir trigo, gado etc., mais tempo ela ganha para outras formas de produção, material ou mental. Assim como no caso de um indivíduo, a multiplicidade do seu desenvolvimento e a satisfação dos seus desejos e sua atividade dependem da capacidade de economizar o tempo. Economia de tempo, a isso toda a economia em última instância se reduz.

MARX, Karl

Quanto mais o operário produz, menos tem para consumir; quanto mais cria valores, mais se deprecia.

MARX, Karl

As armas da crítica obviamente não podem substituir a crítica das armas, o poder material tem de ser derrotado pelo poder material; mas também a teoria se transforma em poder material logo que se apodera das massas. […] Assim como a filosofia encontra suas armas materiais no proletariado, assim também o proletariado encontra suas armas intelectuais na filosofia.

MARX, Karl

Se “traduzíssemos” a maior parte do que dizem os economistas, quando conversam, soaria bastante plausível aos poetas, jornalistas, homens de negócios e outras pessoas respeitáveis que não se dedicam à economia. Assim como em qualquer conversação – por exemplo, entre projetistas de barcos e aficcionados de beisebol –, a conversação em economia é difícil de seguir quando não se adquiriu o costume de ouvi-la durante um tempo. No fundo, os hábitos de conversação são similares. A economia utiliza modelos matemáticos, contrastes estatísticos e argumentos de mercado, que parecem estranhos à mente literária. Não obstante, ao examinarmos com atenção não são tão estranhos, pois podem se considerar figuras retóricas: metáforas, analogias e argumentos de autoridade.

McCLOSKEY, D. N.

As ações são corretas na medida em que tendem a promover a felicidade, erradas na medida em que tendem a promover o reverso da felicidade.

MILL, John Stuart

[…] até agora se questiona se todas as invenções mecânicas já feitas aliviaram a luta do ser humano. Elas permitiram que maior população vivesse a mesma vida de fadiga e aprisionamento e que maior número de manufatureiros e outros fizessem fortuna.

MILL, John Stuart

Nosso ideal de desenvolvimento final vai mais além da democracia e nos classificaria decididamente sob a designação geral de socialismo. Consideramos que o problema social do futuro seja como reunir a maior liberdade individual de ação com a propriedade comum das matérias-primas do globo e uma participação igualitária de todos nos benefícios do trabalho associado.

MILL, John Stuart

Se a escolha tiver de ser feita entre comunismo, com todas as suas oportunidades, e a presente situação da sociedade com todos os seus sofrimentos e injustiças; se a instituição da propriedade privada necessariamente carrega consigo, como consequência, que o produto do trabalho seja repartido, como vemos atualmente, quase em razão inversa ao trabalho: as maiores parcelas àqueles que jamais trabalharam para o todo, a parcela seguinte àquele cujo trabalho é apenas nominal e assim numa escala decrescente, a remuneração diminui à medida que o trabalho cresce mais duro e mais desagradável até que o mais exaustivo e fatigante trabalho não possa contar com a certeza de estar apto a ganhar sempre o mínimo necessário à existência. Se isto, ou o comunismo for a alternativa, todas as dificuldades maiores ou menores do comunismo serão apenas um átomo na balança.

MILL, John Stuart

Toda nação que se preza não abre mão de três coisas: orgulho nacional. Esperança coletiva e moeda estável.

MILL, John Stuart

É ilusório acreditar que é possível visualizar entidades coletivas. Elas nunca são visíveis; o conhecimento que temos delas é sempre o resultado da compreensão do significado que os homens que agem atribuem aos seus atos.

MISES, Ludwig von

Um dos problemas centrais na corrente discussão sobre política econômica do Brasil decorre do foco de análise que é estabelecido nos resultados finais dessa política. Assim, por exemplo, a conjuntura é avaliada por indicadores sumários, tais como a taxa de inflação, o nível do emprego ou o volume das reservas cambiais. Contudo, essas ocorrências resultam de escolhas coletivas extremamente complexas, cujas características também determinam o nível de bem-estar da sociedade. O foco exclusivamente nos resultados econômicos obscurece não apenas a extensão em que ocorre a intervenção governamental, como também a dimensão do custo social que está associado à política econômica. É importante que os mecanismos dessas escolhas coletivas sejam tratados internamente ao modelo de política. Para tanto, pode-se ambientar a sua ocorrência num jogo de estratégias em que os diferentes participantes ou agentes de decisão interagem segundo regras previamente estabelecidas, algumas das quais são elas próprias alteradas no decorrer do jogo, incorporando-se, portanto, à noção de política econômica.

MONTEIRO, Jorge Vianna

O Brasil está mudando para melhor. A uma velocidade sem precedentes. O último quartel do século XX pode ficar conhecido como o período em que ocorreu uma verdadeira revolução. Pela primeira vez, estão presentes quatro das mais importantes condições para o desenvolvimento: a democracia, a estabilidade monetária, uma economia aberta e uma política econômica crescentemente orientada para o mercado. No passado, uma ou outra dessas condições existia. Jamais todas simultaneamente.

NÓBREGA, Maílson da

O crescimento rápido é, pois, um fenômeno recente. Faz menos de duzentos anos que a economia mundial mudou o seu ritmo de expansão, movida pelo progresso técnico e pelos novos marcos institucionais. Samuel Huntington assinala que antes de 1820 não se falava em crescimento econômico. Esse período é relativamente curto na história da Humanidade. Se os 40 mil anos desde a chegada do homo sapiens à Europa fossem convertidos em um dia de 24 horas, esses dois séculos corresponderiam a apenas sete minutos. Se considerássemos os 4 milhões de anos da evolução humana, o tempo de crescimento dos tempos de Adam Smith para cá não passaria de quatro segundos.

NÓBREGA, Maílson da

Instituições são as regras do jogo em uma sociedade;mais formalmente, representam os limites estabelecidospelo homem para disciplinar as interações humanas. Em consequência, elas estruturam os incentivos que atuamnas trocas humanas, sejam elas políticas, sociais ou econômicas. As mudanças institucionais dão forma à maneira pela qualas sociedades evoluem através do tempo e, assim, constituem-sena chave para a compreensão da mudança histórica.

NORTH, Douglass

Um mercado eficiente é conseqüência de instituições que, em determinado momento, oferecem avaliação e execução contratuais de baixo custo, mas o meu tema aqui se refere aos mercados que mantêm essas características em bases permanentes. Para que a eficiência seja duradoura, é essencial haver instituições econômica e politicamente flexíveis, que se adaptem às novas oportunidades. Tais instituições eficientes e adaptáveis têm que oferecer incentivos para a aquisição de conhecimentos e instrução, promover inovações e estimular a disposição de correr riscos e a criatividade. Em um mundo de incertezas, ninguém sabe a solução correta para os problemas que enfrentamos, como afirmou acertadamente Hayek. Portanto, as instituições devem estimular os ensaios e eliminar os erros. Um corolário lógico disso é a descentralização das decisões, permitindo à sociedade explorar diversas formas alternativas de resolução de problemas. É igualmente importante aprender com os fracassos e tentar evitá-los. As instituições, portanto, devem não só promover a avaliação dos direitos de propriedade a baixos custos e a legislação sobre concordatas, como também oferecer incentivos que estimulem decisões descentralizadas e mercados efetivamente competitivos.

NORTH, Douglass

Todo sistema eficiente de mercado é estruturado pelos seus participantes com vistas a produzir resultados […] e isso depende da conjugação dos esforços do governo e da sociedade em prol da geração da estrutura […] No sistema capitalista, a competição se dá via preços e qualidade e não pela eliminação dos concorrentes, como se observa na Rússia.

NORTH, Douglass

Pode-se afirmar, com base na uniformidade revelada pela história, que os esforços dos homens são empregados de duas maneiras distintas: eles são dirigidos para a produção ou transformação de bens econômicos, ou então para a apropriação de bens produzidos por outros.

PARETO, Vilfredo

A economia não é guiada aenas pela busca do ganho, mas também pela do poder.

PERROUX, François

Por força das coisas, uma proporção crescente da população ativa da América Latina, como parte da periferia do sistema, irá se deslocando da agricultura para a indústria e buscando outras ocupações urbanas, conforme avança o progresso técnico.

PREBISCH, Raúl

Há que se compreender, pois, que quanto mais tarde chega a técnica moderna a um país de periferia, tanto mais agudo o contraste entre o exíguo montante de sua renda e a considerável magnitude do capital necessário para aumentar rapidamente esta renda.

PREBISCH, Raúl

Os proprietários, o soberano e toda a nação têm o maiorinteresse em que o imposto seja inteiramente baseadona renda das terras, de modo imediato; qualquer outraforma de taxação seria contra a ordem natural, porqueseria prejudicial à reprodução e ao imposto; o impostorecairia sobre si próprio. Tudo na terra está sujeito àsleis da Natureza e os homens são dotados da inteligêncianecessária para as conhecer e observar; mas a multiplicidadedos objetos exige grandes combinações que tornam muito amplaa base de uma ciência evidente, cujo estudo é indispensávelpara que os equívocos sejam evitados na prática.

QUESNAY, François

A inflação brasileira, como incidente do desenvolvimento da moeda brasileira, é um fenômeno ligado ao desenvolvimento do capitalismo no Brasil, e como todos os fenômenos dessa natureza, será ininteligível se não o apreciarmos sob o ponto de vista das mútuas relações entre o lado capitalista e o lado feudal da economia.

RANGEL, Ignácio

Há nas teses da esquerda ilustrada uma vinculação entre a economia de mercado e a crise de valores. Crise profunda que não parece dar sinais de se abrandar. A busca do lucro, o estímulo ao individualismo, que estão na essência da economia de mercado, estariam também na raiz da desintegração de valores. […] Este é, com certeza, o grande tema de nosso tempo. A economia capitalista de mercado termina o século com uma vitória incontestável e esmagadora contra a socialização dos meios de produção e o planejamento central. Trata-se da forma mais eficiente de organizar a sociedade para a produção de riqueza. Tão massacrante foi a vitória, prática e teórica, que não restaram alternativas. Se o sistema vitorioso, o único remanescente, é também o campeão da injustiça e a razão de uma crise desintegradora da própria sociedade, estamos diante de um grave impasse.

RESENDE, André Lara

O ferramental teórico do economista é útil para todo tipo de profissional, mas não me parece haver dúvida de que a formação do economista – o interesse primordial de quem quer ser economista – é compreender e colaborar para a melhor organização da sociedade e satisfazer as necessidades das pessoas.

RESENDE, André Lara

O trabalho, como todas as outras coisas que são compradas e vendidas e cuja quantidade pode ser aumentada ou diminuída, tem seu preço natural e seu preço de mercado. O preço natural do trabalho é aquele necessário para permitir que os trabalhadores, em geral, subsistam e perpetuem sua descendência, sem aumento ou diminuição.

RICARDO, David

As políticas que ora prevalecem foram adotadas não por terem sido impostas aos políticos pelas massas, mas porque as massas foram ensinadas a acreditar nelas. As massas, como tal, não pensam por si mesmas; pensam o que seus líderes lhes ensinam a pensar. E as ideias que, para o bem ou para o mal, vêm a dominar a política são as que foram apregoadas em primeira instância por pensadores desinteressados e isolados. […] As medidas da década passada foram resultado não da pressão espontânea do eleitorado, mas da influência de alguns homens cujos nomes poderiam ser contados nos dedos das duas mãos. Não avaliaremos plenamente a tragédia deste aspecto da situação atual se não percebermos que ela é essencialmente obra de homens de intelecto e boa vontade. No curto prazo elas podem governar o mundo.

ROBBINS, Lionel

Por razões óbvias, foi o elemento dogmático, e não o científico, do marxismo que apoiou um grande movimento histórico e floresceu numa ideologia ortodoxa. O elemento científico se atrofiou, pois a ciência progride através de ensaio e erro, e quando é proibido admitir o erro não pode haver progresso. Até hoje os marxistas preferem negar que o capitalismo tenha melhorado o nível de vida dos trabalhadores ou qualquer outra coisa que Marx não tenha dito que iria ocorrer, preferindo o sacrifício do elemento científico no desenvolvimento de seu pensamento a fim de reforçar o elemento dogmático.

ROBINSON, Joan

Poucos da atual geração de “keynesianos” param para indagar quanto eles devem a Kalecki e quanto realmente a Keynes.

ROBINSON, Joan

A maior tragédia de nosso tempo é que um sexto da humanidade nem está na escada do desenvolvimento. Um grande número dos miseráveis da Terra está preso na armadilha da pobreza, incapaz de escapar pó si mesmo da privação material extrema. Estão encurralados por doença, isolamento físico, estresse climático, degradação ambiental e pela própria miséria. Embora existam soluções para aumentar suas chances de sobrevivência – seja na forma de novas técnicas agrícolas, medicamentos essenciais ou mosquiteiros que podem limitar a transmissão da malária -, essas famílias e seus governos simplesmente não contam com os meios financeiros para fazer esses investimentos cruciais. Os pobres do mundo sabem a respeito da escada do desenvolvimento: eles são atormentados pelas imagens de riqueza do resto do mundo. Mas não conseguem pôr um pé na escada, e assim não podem nem começar a sair da pobreza.

SACHS, Jeffrey

Produção abre caminho para produção.

SAY, Jean-Baptiste

Vale a pena notar que um produto, tão logo seja criado, nesse mesmo instante gera um mercado para outros produtos em toda a grandeza de seu próprio valor. Quando o produtor dá o toque final a seu produto, ele está ansioso para vendê-lo imediatamente, para que o valor do produto não pereça em suas mãos. Nem está ele menos ansioso para se utilizar do dinheiro que pode obter, porque o valor do dinheiro também é perecível. Mas o único modo de se desfazer do dinheiro é pela compra de um produto ou outro. Assim, a mera circunstância da criação de um produto imediatamente abre um mercado para outros produtos.

SAY, Jean-Baptiste

Existem sem dúvida certas coisas à disposição do operário moderno que até mesmo Luís XIV teria se deleitado em possuir caso pudesse obtê-las, como, por exemplo, os produtos modernos de higiene dentária. […] A rainha Isabel possuía meias de seda. O aporte capitalista não consiste, normalmente, em produzir mais meias de seda para rainhas, mas em colocá-las ao alcance das moças das fábricas, como recompensa por seu esforço continuamente decrescente.

SCHUMPETER, Joseph A.

Alguma forma socialista de sociedade emergiráinevitavelmente de uma igualmente inevitável decomposição da sociedade capitalista. […] A ordem capitalista tende à autodestruição e o centralismo socialistaé… aparentemente, o provável herdeiro.

SCHUMPETER, Joseph A.

O keynesianismo prático é uma planta nova que não pode ser transplantada para o solo estrangeiro, pois nele morreria e se tornaria venenosa antes de morrer.

 SCHUMPETER, Joseph A.

Ao falarem sobre política pública, cientistas políticos tanto quanto econômicos mantinham-se construindo panoramas agradáveis sobre o bem público, cuja consecução era destino mais elevado de “estadistas” e sobre o Estado, o qual flutuava nas nuvens como uma entidade beneficente. Fatos como luta de grupos […] e corrupção, eram vistos como aberrações […], em vez de elementos essenciais. Mas durante aquele período [de 1870 a 1914] iniciou-se algo como um despertar da consciência científica, e a sociedade política […] apareceu.

SCHUMPETER, Joseph A.

Eu diria que a natureza da economia moderna foi substancialmente empobrecida pelo distanciamento crescente entre economia e ética.

SEN, Amartya

Se há acordo de que o valor fundamental que orienta a economia normativa e a ética – e as práticas delas derivadas – é a realização dos interesses racionais das pessoas (quer dizer, o bem humano), o mesmo não acontece a respeito de um suposto “núcleo” da “racionalidade” e do modo mais razoável de comparar tais interesses visando ordená-los segundo prioridades de realização.

SEN, Amartya

Sem desconsiderar a importância do crescimento econômico, precisamos enxergar muito além dele. […] Os fins e os meios do desenvolvimento requerem análise e exame minuciosos para uma compreensão mais plena do processo de desenvolvimento; é sem dúvida inadequado adotar como nosso objetivo básico apenas a maximização da renda ou da riqueza, que é, como observou Aristóteles, “meramente útil e em proveito de alguma outra coisa”. Pela mesma razão, o crescimento econômico não pode sensatamente ser considerado um fim em si mesmo. O desenvolvimento tem de estar relacionado sobretudo com a melhora da vida que levamos e das liberdades que desfrutamos. Expandir as liberdades que temos razão para valorizar não só torna nossa vida mais rica e mais desimpedida, mas também permite que sejamos seres sociais mais completos, pondo em prática nossas volições, interagindo com o mundo em que vivemos e influenciando esse mundo.

SEN, Amartya

O contraste dessa experiência [da colonização portuguesa no Brasil] com o que ocorreu nos Estados Unidos é digno de nota. Enquanto na América logo se impôs a ética calvinista, que privilegiava o trabalho como forma de agradar a Deus, em Portugal predominou o pensamento católico, que tratava com desconfiança a busca do lucro. O motivo do lucro era um motivo torpe. Como já foi salientado, em território português, os interesses econômicos estiveram subordinados à salvação da alma. Em tais circunstâncias, como esperar que os indivíduos se dedicassem à atividade produtiva, criadora de riquezas? Era realmente mais natural preocupar-se em assegurar a salvação eterna. Mais tarde, essa tendência de subordinar as motivações de natureza econômica a princípios de conduta moral seria sentida também no Brasil, igualmente em prejuízo do processo de desenvolvimento econômico.

SENNA, José Júlio

A teoria do desenvolvimento começou a ser reformulada em princípios da década de [19]60. Até então, os economistas trabalhavam com um conceito de capital bastante restrito. Investimento era sinônimo de acumulação de capital físico, definido de maneira convencional, incluindo apenas máquinas, equipamentos e construções. Agora, estendia-se o conceito, para incluir o capital humano. Segundo esse novo enfoque, a aplicação de recursos da sociedade na melhoria da qualidade do elemento humano deve ser vista como investimento, e não como despesa. A educação formal nas escolas e universidades, por exemplo, da mesma forma que um bem de capital tradicional, envolve custos, de um lado, e um fluxo de benefícios, de outro. Benefícios e custos sociais podem ser também definidos – o que permite estimar taxas de retorno – nos casos de treinamento de mão-de-obra e de gastos com o sistema de saúde, formas complementares de aperfeiçoamento do elemento humano.

SENNA, José Júlio

A escolha pública é uma extensão do marginalismo para a explicação das decisões coletivas e políticas. Poderia preferencialmente ser chamada de teoria marginalista do governo, em analogia com a teoria da firma ou do consumidor. Buchanan reporta que é chamada teoria econômica da política pelo “grupo de acadêmicos baseado em Chicago”. Essa denominação também seria mais adequada.

SILVEIRA, Antonio Maria da

Na embaixada brasileira bebe-se mal, come-se pouco e sempre tem gente enjoada.

SIMONSEN, Mário Henrique

Combater a inflação congelando preços equivale a tentar curar a febre pela destruição dos termômetros.

SIMONSEN, Mário Henrique

O déficit público não é de caráter orçamentário. O déficit público simplesmente não tem caráter.

SIMONSEN, Mário Henrique

A inflação aleija, mas o câmbio mata.

SIMONSEN, Mário Henrique

O desemprego e o subemprego, em países não-desenvolvidos podem ser encarados como frutos de um “desequilíbrio” entre oferta e demanda por força de trabalho, a oferta sendo condicionada primordialmente por fatores demográficos (…) e a demanda resultando de fatores econômicos (ritmo de investimento e seleção de técnicas). A demanda e a oferta de força de trabalho são determinadas pelo movimento de capital. Só o emprego “capitalista” é constituído pela venda de força de trabalho.

SINGER, Paul

Economistas sempre acham o que querem achar: a diferença é que estudaram matemática e têm meios de enganar quem não sabe nem aritmética.

SINGER, Paul

O homem de sistema [o planejador estatal] costuma se achar muito sábio em seu próprio juízo; e ele está com frequência tão enamorado da suposta beleza do seu próprio plano ideal de governo, que não tolera qualquer desvio, por menor que seja, em qualquer parte dele. Ele atua com o intuito de implantá-lo completamente e em todos os detalhes, sem prestar atenção, seja nos grandes interesses, seja nos fortes preconceitos, que podem se opor a ele. Ele parece imaginar-se capaz de dispor os diferentes membros de uma grande sociedade com a mesma facilidade com que a mão dispõe as diferentespeças sobre o tabuleiro de xadrez. Ele não considera que as peças sobre o tabuleiro não possuem qualquer outro princípio de movimento além daquele que a mão confere a elas; mas que, no grande tabuleiro de xadrez da sociedade humana, cada peça tem por si mesma um princípio de movimento que lhe é próprio, inteiramente distinto daquele que o poder legislativo poderia decidir imprimir a ela. Se esses dois princípios coincidem e agem na mesma direção, o jogo da sociedade humana se desenrolará com desenvoltura e harmonia, e é muito provável que seja feliz e coroado de sucesso. Se eles forem opostos ou diferirem, o jogo prosseguirá miseravelmente, e a sociedade viverá continuamente numa condição da mais alta desordem… Então, para um estadista insistir em estabelecer, e em estabelecer de uma só vez, e apesar de qualquer oposição, tudo aquilo que [suas idéias] podem parecer requerer, é com freqüência o grau máximo de arrogância. É erigir o próprio julgamento em padrão supremo de certo e errado.

SMITH, Adam

Um operário não treinado para essa atividade (que a divisão do trabalho transformou em uma indústria específica) nem familiarizado com a utilização das máquinas ali empregadas (cuja invenção provavelmente também se deveu à mesma divisão do trabalho), dificilmente poderia talvez fabricar um único alfinete em um dia, empenhando o máximo de trabalho; de qualquer forma, certamente não conseguirá fabricar vinte. Entretanto, da forma como essa atividade é hoje executada, não somente o trabalho todo constitui uma indústria específica, mas ele está dividido em uma série de setores, dos quais, por sua vez, a maior parte também constitui provavelmente um ofício especial. Um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer uma cabeça de alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; montar a cabeça já é uma atividade diferente, e alvejar os alfinetes é outra; a própria embalagem dos alfinetes também constitui uma atividade independente. Assim, a importante atividade de fabricar um alfinete está dividida em aproximadamente 18 operações distintas, as quais, em algumas manufaturas são executadas por pessoas diferentes, ao passo que, em outras, o mesmo operário às vezes executa 2 ou 3 delas. Vi uma pequena manufatura desse tipo, com apenas 10 empregados, e na qual alguns desses executavam 2 ou 3 operações diferentes. Mas, embora não fossem muito hábeis, e portanto não estivessem particularmente treinados para o uso das máquinas, conseguiam, quando se esforçavam, fabricar em torno de 12 libras de alfinetes por dia. Ora, 1 libra contém mais do que 4 mil alfinetes de tamanho médio. Por conseguinte, essas 10 pessoas conseguiam produzir entre elas mais do que 48 mil alfinetes por dia. Assim, já que cada pessoa conseguia fazer 1/10 de 48 mil alfinetes por dia, pode-se considerar que cada uma produzia 4.800 alfinetes diariamente. Se, porém, tivessem trabalhado independentemente um do outro, e sem que nenhum deles tivesse sido treinado para esse ramo de atividade, certamente cada um deles não teria conseguido fabricar 20 alfinetes por dia, e talvez nem mesmo 1, ou seja: com certeza não conseguiria produzir a 240ª parte, e talvez nem mesmo a 4.800ª parte daquilo que hoje são capazes de produzir, em virtude de uma adequada divisão do trabalho e combinação de suas diferentes operações.

SMITH, Adam

Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiroou do padeiro que esperamos nosso jantar, mas daconsideração que eles têm pelo seu próprio interesse.Dirigimo-nos não à sua humanidade, mas à suaauto-estima, e nunca lhes falamos das nossas própriasnecessidades, mas das vantagens que advirão para eles.

SMITH, Adam

Em nenhuma fase da vida humana o desprezo pelo risco e a esperança presunçosa de sucesso se encontram mais ativos do que naquela idade em que os jovens escolhem sua profissão.

SMITH, Adam

Com a maior parte dos ricos, o principal uso da riqueza consiste na exibição da riqueza.

SMITH, Adam

A política contenta-se com as boas intenções. A economia não abre mão de boas decisões.

SOLOW, Robert

O maior déficit de certos governos situa-se entre as orelhas de seus governantes.

STIGLER, George

Na bolsa global, a todo ciclo de oba-oba corresponde um surto de epa-epa.

 TAVARES, Maria da Conceição

A importância da liberdade para o ser humano é conseqüência de dois preceitos: a individualidade da consciência e o fato de que, primordialmente, mas não exclusivamente, as pessoas dão importância aos seus interesses todas as vezes que tomam uma decisão. Com efeito, se o indivíduo tiver consciência e interesses que sejam próprios dele, toda vez que estiver totalmente livre de restrições para escolher suas ações fará aquilo que mais lhe aprouver. Portanto, compreender o papel da liberdade das pessoas é decorrência do entendimento desses dois princípios.

WERLANG, Sérgio

Muitos críticos do liberalismo consideram que as prescrições liberais só fazem sentido para indivíduos incrivelmente egoístas. Assim, descartam, a priori, todas as políticas defendidas pelo liberalismo, sob o pretexto de que as pessoas não são egoístas, mas preocupam-se com o bem-estar alheio. No decorrer do argumento, ficará claro quão egoísta uma pessoa tem de ser para que a propriedade privada surja, mas, desde já, é preciso esclarecer que existem indivíduos tão altruístas que a dedução feita adiante torna-se inválida. São pessoas muito especiais, que põem os outros sempre à frente de si mesmos – são totalmente dedicadas ao próximo. Nomes que vêm à mente de imediato são os de São Francisco de Assis, Madre Teresa de Calcutá ou a nossa Irmã Dulce. Infelizmente, a grande maioria da população mundial não se constitui desses raros indivíduos, de modo que a hipótese de algum altruísmo em grau não extremado faz muito sentido.

WERLANG, Sérgio

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