Homenagem aos Economistas 2011

 

Memoráveis citações

 

“Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral

onde se encontram remédios para todos os males.”

Voltaire

 

Não faz sentido ser economista se não for para lutar contra a fome e a pobreza que marca a vida de muitos brasileiros.

BUARQUE, Cristovam

O que aconteceu neste século [XX] foi que o financiamento de dívidas [por parte dos governos] deixou de ser imoral.

BUCHANAN, James

O telefone celular faz mal para a masculinidade: é cada vez menor, anda sempre dobrado, cai a ligação várias vezes e não funciona quando entra no túnel.

CAMPOS, Roberto

Para Karl Marx a ditadura do proletariado seria apenas um estágio na evolução dialética. Abolidas as classes e a propriedade privada, assistiríamos ao “fenecimento do Estado” e a floração da liberdade. Infelizmente Marx era bom filósofo, medíocre profeta e mau político.

CAMPOS, Roberto

O camelo é um cavalo planejado por um comitê de economistas; nem por isso é um animal inútil…

CAMPOS, Roberto

A psicologia de berçário, que herdamos do hino nacional (“gigante… deitado eternamente em berço esplêndido…”) e o ufanismo das riquezas naturais (as quais são apenas recursos à espera de investimentos), que mamamos nos livros escolares, têm agido como narcotizantes da vontade nacional de desenvolvimento, transformando-nos no país do futuro, enquanto afanosamente conquistam o presente. Infelizmente, como já disse alhures, a chupeta do otimismo é mau substituto para a bigorna do realismo.

CAMPOS, Roberto

O telefone celular faz mal para a masculinidade: é cada vez menor, anda sempre dobrado, cai a ligação várias vezes e não funciona quando entra no túnel.

CAMPOS, Roberto

Em resumo, tínhamos uma educação muito ruim e muito estreita. Agora temos uma ampla Educação, cobrindo uma boa faixa da população, com níveis cada vez maiores de escolaridade. Mas é uma Educação ainda muito ruim. Passamos de ruim para poucos a ruim para muitos.

CASTRO, Cláudio de Moura

Assistimos à consolidação e à institucionalização de um sistema político democrático e com um altíssimo grau de participação pelo voto. Podemos discutir se voto obrigatório é bom, mas não podemos subestimar a força de 120 milhões de eleitores efetivos. Não há mais sustos, os militares nem pensam em sair da caserna, pois os pecados contra o sistema são apenas veniais. Os três poderes, mesmo trocando algumas caneladas, são razoavelmente equilibrados. As instituições funcionam, a despeito de arestas. Dezenas de políticos corruptos tropeçaram na lei e tiveram suas carreiras fortemente prejudicadas ou encerradas. O mesmo com empresários e juízes. Talvez a institucionalização política seja a principal e menos reconhecida herança do Presidente Fernando Henrique Cardoso. […] Controlamos as hidras econômicas. Meio século de inflação virou assunto de livro de história. Déficits externos e do governo estão sob controle. A lei de responsabilidade fiscal não permite repetir as explosões de gastos em todos os níveis de governo. Acabamos com o protecionismo excessivo, entrando no rol dos países com economias relativamente abertas. Os ministérios econômicos têm boas equipes técnicas e não fazem desatinos (o mesmo não se poderia dizer de vizinhos do continente). É verdade, falta muito. Mas também é verdade que os avanços foram impressionantes. {…] Diante disso, há uma pergunta inevitável: E agora, vamos virar potência mundial? Ou temos defeitos e aleijões que não nos deixarão dar o salto? […] Se há um vilão que pode torpedear os planos para o Brasil do futuro, sem dúvidas, o contendor mais sério é o nosso ensino. Nesse assunto, nem pensar em ufanismo. A educação é ruim mesmo.

  CASTRO, Cláudio de Moura

Nem todo imposto é justo e nem toda evasão é injusta.

CHAFUEN, Alejandro

Se torturares os dados convenientemente, eles confessarão.

COASE, Ronald

O governo capta no exterior pela maior taxa de juro do mundo e a manchete é “Aumenta a credibilidade do Brasil”. No meu tempo era “Aumenta a dívida externa”.

DELFIM NETTO, Antonio

O resgate dos bancos, por mais desagradável que tenha sido, era essencial para manter a economia em crescimento.

DIAMOND, Peter

Simonsen foi para a profissão de economista no Brasil o mesmo que Keynes havia sido no período entre guerras: protagonista desmesuradamente grandioso, cujos interesses abrangiam matemática e política, história e finanças internacionais. Como Keynes, ele tinha tempo para as artes, para a economia e para muito mais. Duvido que surgisse alguma ideia importante em economia que Simonsen não conseguisse esquematizar, inferindo suas consequências para um conjunto de aplicações e desenvolvendo-a formalmente sob pelo menos duas abordagens. Não se sabe exatamente quando ele se concentrava em todos os seus estudos, talvez de manhã cedo, pois só aparecia no escritório pelas onze horas. Contudo, ele era de uma eficácia extraordinária em absorver o que ocorria nas fronteiras, quase como uma esponja; em descobrir uma maneira toda própria de formalizar a tendência incipiente e, muitas vezes, de levá-la para outras direções. Sua memória fotográfica, literalmente, e não apenas como adjetivação supérflua, era decerto uma grande vantagem. Não acho que o corpo docente do Massachusetts Institute of Technology (MIT) ou de Harvard tenha um único membro capaz de abarcar as vastidões que Simonsen dominava com aparente facilidade.

DORNBUSCH, Rudiger

Erros e acertos, intencionais ou não, ocorrem todo o tempo nessa profissão [de economista] em que não há base científica para o ofício de profeta, mas há enorme demanda por profecia.

FRANCO, Gustavo

A hiperinflação é, como descreve o escritor Elias Canetti, “uma orgia satânica de desvalorização na qual os homens e as unidades do seu dinheiro exercem os mais estranhos efeitos sobre si mesmos. Um se projeta sobre o outro, o homem sentindo-se tão ruim quanto o seu dinheiro”. […] Não deve haver dúvida de que vai nos tomar uma ou duas décadas adicionais até que o organismo se desintoxique totalmente da imensa e lamentável lista de seqüelas que essa “crise de valores” nos legou. Só um perfeito idiota latino-americano de carteirinha – e você encontrará vários deles por aí, há um livro engraçado com esse título, vale a pena olhar – seria capaz de afirmar que essa inflação toda era “neutra”, “inercial”, “inerente ao modelo” ou que tinha “caráter financeiro”. Bem dizia Mário Henrique Simonsen: inflação não tem caráter.

FRANCO, Gustavo

Não se deixe enganar com a conversa tola dos políticos e dos economistas marxistas: a profissão de economista não fracassou, muito menos o capitalismo. Olhe bem à sua volta, pense onde estávamos em 1848, e lembre que, desde então, Marx e seus seguidores estão prevendo o colapso final do sistema face ao inevitável crescimento da miséria, sem falar no fato de que o subdesenvolvimento, como o nanismo, era uma condição incurável, tendente apenas a piorar. Em matéria de fracasso de previsão, não creio que haja nada parecido.

FRANCO, Gustavo

A maioria dos cursos de Introdução à Economia utiliza pouco a forma narrativa. Em vez disso, esses cursos afogam os estudantes em equações e gráficos. O formalismo matemático foi uma fonte imensamente importante de progresso intelectual na economia, mas não se mostrou um veículo eficaz para apresentar esse tema aos neófitos. À exceção dos estudantes de engenharia e de um punhado de outros alunos com um extenso treinamento prévio em matemática, a maioria dos que tentam aprender os princípios econômicos por meio de equações e gráficos nunca chega a incorporar aquela atitude mental específica conhecida como “pensar como economista”.

FRANK, Robert H.

Diferentemente do passado, o homem terá de retornar à ideia de que sua existência é uma dádiva do Sol.

GEORGESCU-ROEGEN, Nicholas

Eu estaria entre os últimos servos da ciência a negar o papel indispensável da teoria, que deve necessariamente aspirar a ser quantitativa e, portanto, matemática, uma vez que a teoria não está separada da realidade. Todavia, como meu mestre Joseph Schumpeter fez com tanta sagacidade, eu estaria entre os primeiros a defender a necessidade absoluta de estudos históricos e institucionais na ciência social, portanto, na economia.

GEORGESCU-ROEGEN, Nicholas

Na condução da política econômica, como na vida, não existem soluções absolutas e definitivas. Toda vitória é parcial; toda conquista é passível de retrocesso. Qualquer solução, por mais engenhosa que seja, dá margem ao surgimento de novos problemas – problemas que estavam até então relegados e fora do nosso campo de atenção ou, como é frequente, que resultam direta ou indiretamente da própria solução encontrada. O máximo que se pode esperar é que os desafios sejam progressivamente vencidos, que os retrocessos sejam evitados e que os problemas se sucedam numa direção positiva em vez de se tornarem crônicos e renitentes.

GIANNETTI, Eduardo

É comum no Brasil a crença de que o mercado regido pelo sistema de preços é incompatível com políticas sociais voltadas para a redução da desigualdade e da privação material. Defender a abertura econômica, a desregulamentação e a privatização, acusam os críticos da liberalização, é adotar uma postura negligente diante da pobreza e condenar largos segmentos da população ao desemprego e ao “apartheid social”. […] O equívoco desta tese pode ser desfeito de várias maneiras. A mais direta é a simples observação da experiência mundial. Se a existência de mercados livres fosse sinônimo de exclusão social, a miséria no Canadá seria maior do que na Índia. A economia chilena é a mais aberta e desregulamentada da América Latina. Não obstante, nenhum outro país do continente vem fazendo progressos tão rápidos e expressivos na redução da pobreza quanto o Chile.

GIANNETTI, Eduardo

Criatividade e inovação são conceitos que se sobrepõem. Criatividade é originar ideias, novas formas de olhar um problema que já existe ou novas oportunidades. Inovação é o sucesso na exploração de novas ideias, é o processo que leva a novos produtos e serviços ou novas formas de fazer negócio. Portanto, no atual paradigma produtivo, torna-se crucial o fomento à criatividade e à inovação, as quais, contando com adequados mecanismos de transmissão, são as chaves para que o resto da economia e sociedade possam se beneficiar. Daí a importância das indústrias criativas ou, mais amplamente falando, da economia criativa, entendida como um conjunto de setores com forte potencial de inovação e criatividade a partir dos quais a economia ganha competitividade e sustentabilidade no mundo globalizado.

GOLDENSTEIN, Lídia

Afirmei que o socialismo constitui uma ameaçapara o bem-estar presente e futuro da raça humana,no sentido de que nem o socialismo nem qualquer outrosubstituto da ordem de mercado que conhecemos poderão sustentar a atual população mundial.

HAYEK, Friedrich A.

Não há a escolha entre inflação e desemprego, da mesma forma que não é possível escolher entre comer demais e indigestão: a glutoneria pode ser muito agradável enquanto está em processo, mas o dia do ajuste de contas – o dia da indigestão – seguramente virá.

HAYEK, Friedrich A.

Estou plenamente convencido de que, para regressarmos a uma estabilidade razoável, para não dizer uma prosperidade durável, precisamos antes exorcizar o íncubo keynesiano.

HAYEK, Friedrich A.

… cheguei à conclusão de que o maior serviço que ainda posso prestar ao meu semelhante é fazer com que os oradores e escritores se sintam profundamente envergonhados cada vez que empreguem o termo “justiça social”.

HAYEK, Friedrich A.

Hayek, em seu derradeiro livro [The fatal conceit], em um capítulo a que deu o sugestivo título de “Our poisoned language” (Nossa linguagem envenenada), com o objetivo de mostrar o quanto o adjetivo “social” tem de poder mágico, deu-se ao trabalho de enumerar 167 substantivos que costumam ser utilizados com essa mitológica palavra. Para certificarmo-nos de que não houve exagero de sua parte, basta tomarmos algumas poucas palavras, por exemplo, “preocupação”, “consciência”, “política”, “justiça”, e “reforma” e verificarmos o quanto elas ganham em apelo ao lhes acrescentarmos o charmoso adjetivo… Da mesma forma, há as expressões “social democracia” e “liberalismo social” que, na melhor das hipóteses, não passam de pleonasmos, uma vez que, simplesmente, não existem nem uma “democracia não-social” nem um “liberalismo não-social”. A democracia e, principalmente, o liberalismo dispensam adjetivos. São o que são e ponto final. Mesmo porque a verdadeira caridade requer ação e não mero discurso.

IÓRIO, Ubiratan

Não é pelo número de normas existentes em uma sociedade que devemos pautar nossa análise. Muito pelo contrário, ao que parece, quanto maior o número de leis, menor a eficiência do sistema jurídico. Ou, como afirmara Tácito, “quanto mais corrupta é a República, mais corruptas são as leis”. O que é relevante é a qualidade das leis, não sua quantidade.

IÓRIO, Ubiratan

Para a Escola Austríaca, o mercado é um processo de permanente descoberta, o qual, ao amortecer as incertezas, tende sistematicamente a coordenar os planos formulados pelos agentes econômicos.

IÓRIO, Ubiratan

Intervencionismo e empreendedorismo são estados contraditórios. Não admitem meios termos, da mesma forma que não há meio termo entre chover e não chover: ou está chovendo ou então não está; ou há empreendedorismo ou intervencionismo. Infelizmente, poucos percebem isso e a imensa maioria das pessoas, incluindo muitos empresários, crê que intervencionismo e empreendedorismo podem conviver na geração do progresso. […] O empreendedorismo brota do espírito criativo dos indivíduos, que os leva a assumir riscos para criar mais riqueza. Para que possa florescer, depende de quatro atributos: governo limitado, respeito aos direitos de propriedade, leis boas e estáveis e economia de mercado. Quanto mais uma sociedade afastar-se desses pressupostos, mais sufocada ficará a atividade de empreender e mais prejudicada a economia, pois não se conhece exemplo de desenvolvimento econômico sem a presença de empreendedores.

IÓRIO, Ubiratan

Na crise, tanto sob a pressão das massas quanto sem ela, o investimento público financiado pelo empréstimo será assumido para prevenir o desemprego em grande escala. Mas caso se façam tentativas para aplicar esse método, visando manter o nível alto de emprego alcançado no boom subsequente, dever-se-á encontrar uma forte oposição aos “líderes empresariais”. Como já foi dito, o pleno emprego duradouro não é absolutamente de seu agrado. Os trabalhadores iriam “sair de seu controle” e os “capitães da indústria” ficariam ansiosos por “dar-lhes uma lição”. Ainda mais, o aumento de salários na alta é desvantajoso para os pequenos e grandes proprietários “cansados do boom”. […] Nessa situação, provavelmente se formaria um bloco poderoso entre os interesses dos grandes empresários e dos proprietários, e eles encontrariam provavelmente mais de um economista para declarar que a situação é manifestamente inviável. A pressão de todas essas forças, e em particular da grande empresa – em regra influenciadora dos departamentos do Governo – iria provavelmente induzir o Governo a retornar à política ortodoxa de corte no déficit orçamentário. Seguir-se-ia uma crise em que a política governamental de gastos retornaria ao que era antes… […] O regime do “ciclo econômico” político seria uma restauração artificial da posição existente no capitalismo do século XIX. O pleno emprego só seria alcançado no pico do boom, mas as crises seriam relativamente suaves e de curta duração.

KALECKI, Michal

Cedo ou tarde, são as ideias e não os interesses criados que acabam por se constituir em perigo, tanto para o bem como para o mal.

KEYNES, John Maynard

De minha parte, creio que o Capitalismo, se gerido inteligentemente, pode provavelmente ser transformado em algo mais eficiente para atingir os fins econômicos do que qualquer outro sistema alternativo em vista, mas em si mesmo ele é, em vários pontos, extremamente questionável. Nosso problema é elaborar uma organização social que seja tão eficiente quanto possível sem atentar contra nossas noções de um modo de vida satisfatório.

KEYNES, John Maynard

Encontro-me eu próprio embaraçado, não pela primeira vez, a recordar aos economistas contemporâneos que os ensinamentos clássicos encerravam algumas verdades permanentes de grande importância. […] Há nestes assuntos toda uma série de forças internas em ação, que podemos chamar forças naturais, ou mesmo a mão invisível, que operam para o equilíbrio. […] Se recusamos a medicina dos nossos próprios sistemas em geral, podemos simplesmente derivar de recurso em recurso e realmente não mais nos restabelecermos de novo.

KEYNES, John Maynard

Os mercados imperfeitos são superiores ao planejamento imperfeito.

LAL, Deepak

As regras do jogo numa sociedade, as instituições, determinam a distribuição dos recursos entre os indivíduos. Além disso, em um processo recursivo, as instituições existentes decorrem dos processos históricos específicos de cada sociedade em que são estabelecidas, usualmente nem simples nem unânimes. Os diversos grupos sociais possuem interesses conflitantes e as instituições deles resultantes decorrem da capacidade dos diversos indivíduos ou grupos de impor, ou construir, alterações nos desenhos das regras. E essa capacidade decorre não apenas das regras ou instituições prévias, mas também da distribuição de recursos.

LISBOA, Marcos

Como toda competição, a globalização envolve riscos de acidentes, em particular os de adaptação a uma competição mais acirrada, para a qual muitos ainda não estarão preparados e sofrerão desajustes debitados à conta de benefícios superiores a custos.

MACEDO, Roberto

Não podemos ficar esperando o tal país do futuro sem nos esforçarmos em bem construí-lo no presente. Hoje continuamos dopados pela visão financista – e a crise mostrou que sempre há gente para financiar tudo, até títulos podres – de que o consumo interno vai se expandir indefinidamente com a ampliação do crédito. E ainda, dada a perspectiva de enormes déficits nas contas correntes com o exterior, de que o País também conseguirá financiá-los com o fluxo de recursos externos, particularmente de investimentos diretos. Ora, esses investidores não são bobos, e aqui vêm buscar remuneração que terá que ser paga. Além disso, seguem com maior vigor para países que se esforçam mais para investir com recursos de sua própria poupança.

MACEDO, Roberto

Em todas as épocas históricas o método prevalecente de produção e troca e a organização social delas decorrentes formam a base para as superestruturas legais, políticas, culturais e intelectuais.

MARX, Karl

As vitórias da técnica parecem ser adquiridas por meio da perda do caráter. No mesmo ritmo em que a humanidade domina a natureza, o homem parece se tornar escravo de outros homens ou de sua própria infâmia. Até mesmo a pura luz da ciência parece incapaz de brilhar a não ser sobre o pano de fundo sombrio da ignorância. Toda a nossa inventividade e progresso parecem resultar na dotação de vida intelectual às forças materiais e no embrutecimento da vida humana, tornando-a mera força material. Este antagonismo entre a indústria moderna e a ciência, de um lado, e a miséria e decomposição modernas de outro; este antagonismo entre os poderes produtivos e as relações sociais da nossa época constitui um fato palpável, irresistível e que nada pode controverter.

 MARX, Karl

A economia precisa satisfazer as necessidades humanas.

MENGER, Carl

O Estado se torna um obstáculo ao crescimento quando imprime morosidade à economia e cria barreiras à inovação. Também atrapalha ao ceder à tentação de interferir excessivamente na vida das pessoas.

MILGROM, Paul

Uma das mais sérias e forçosas entre todas as obrigações – a de não trazer crianças ao mundo a não ser que elas possam ser mantidas adequadamente na infância e criadas com a probabilidade de que possam manter-se a si próprias quando a idade chegar – é de tal forma negligenciada na vida prática e subestimada na teoria que chega a ser vergonhoso para a inteligência humana.

MILL, John Stuart

Uma constituição democrática que não se apoie sobre instituições democráticas nos seus detalhes, mas se limite à governação central, não só não é liberdade política, como com frequência cria um espírito que é precisamente oposto, levando para as camadas mais baixas da sociedade o desejo e a ambição do domínio público. Em alguns países o que o povo deseja é não ser tiranizado, mas em outros é que cada um tenha iguais probabilidades de tiranizar. Infelizmente, este último estado dos nossos desejos é tão natural à humanidade como o primeiro e em muitas das situações da mesma humanidade civilizada é onde há mais exemplos.

MILL, John Stuart

Como o liberalismo social (social-democracia) certamente não desejar parar, nem mesmo reduzir a formação de capital – muito menos, provocar a depreciação do capital –, fatalmente terá de escolher entre capitalismo e socialismo. Tertium non datur (não há terceira opção).

MISES, Ludwig von

Não será tempo de perceber que, antes de respostas, precisamos de boas perguntas? É que muito antes de se tentar salvar o mundo deveríamos cuidar de compreendê-lo. Talvez por isso C. Lévi-Strauss costumasse dizer: “O sábio não é o homem que fornece as verdadeiras respostas; é quem faz as verdadeiras perguntas”. Palavras que parecem ter tido eco em R. Skidelsky, autor de uma das mais notáveis biografias de J. M. Keynes: “Enquanto confiarmos em soluções técnicas para colmatar lacunas morais e os governos se apressarem a fornecer pacotes de resgate que possibilitam que o carrossel comece outra vez a girar, somos obrigados a oscilar entre um delírio e outro, pontuados por períodos de tempo de colapso”.

MOREIRA, José Manuel e ALVES, André Azevedo

Não nos devemos admirar que, sendo o juro o elo que, na vida econômica, liga o presente ao futuro, se preconize a sua eliminação. Nem estranhar que apesar de a crise ser de sobre-endividamento – do Estado, das empresas e das famílias –, haja tanta fé entre os seguidores do profeta (economistas, políticos e eleitores) nas medidas a seguir: incentivar o consumo, orçamentos públicos gigantescos, déficits e dívidas públicas e privadas incontroláveis, numa vã ânsia de eliminar o futuro, o juro, a idade, as rugas, enfim, o tempo. Políticas que não só explicam o estado de pré-falência de alguns países europeus, como são reflexo de um tempo em que as velhas virtudes – como poupança e prudência – deram lugar às novas: ao consumo e à imprevidência que caracteriza todos quantos insistem em viver acima das suas possibilidades.

MOREIRA, José Manuel e ALVES, André Azevedo

No imaginário do brasileiro, o desenvolvimento tem a ver com obras públicas. “Governar é construir estradas”, dizia um ex-presidente. “Quebrei o estado, mas fiz o meu sucessor”, confessou um ex-governador, indicando como os gastos em obras públicas alavancavam as candidaturas. E outras coisas mais. […] Lula levou ao exagero a suposta relação entre obras públicas e desenvolvimento. Nenhum outro foi tão longe no uso de inaugurações para dar a impressão de governar bem e conquistar popularidade. Vive a cortar fitas Brasil afora e a discursar. Inaugurou a mesma obra mais de uma vez. O PAC – mais propaganda do que realidade – é a fonte essencial da estratégia. […] Obras contam, mas a aceleração do crescimento depende de inovação e de ganhos de produtividade. Educação é mais importante do que obras, mas seus resultados não são visíveis, como nas inaugurações. […] Na verdade, as causas do desenvolvimento são mais complexas. O sucesso não decorre de realizações de um único governo, como fazem crer Lula e seus companheiros. É um processo cumulativo, em cujas origens estão as instituições que alinham incentivos para o setor privado assumir riscos e investir. […] Não há exemplo de país que tenha obtido êxito à base de obras públicas. Por isso, não se vêem o presidente americano, o primeiro-ministro inglês ou qualquer outro líder do mundo desenvolvido cruzando céus e terras para inaugurar estradas, viadutos, escolas e outros empreendimentos públicos ou lançar pedras fundamentais.

NÓBREGA, Maílson da

Em economia, traçar a linha divisória entre as ideias sérias e a pseudociência é muito mais difícil do que nas ciências exatas. Existe um campo fértil para a formulação de doutrinas que são pura expressão de preconceitos populares, façam eles sentido ou não. A demanda por teses politicamente vendáveis é particularmente intensa em períodos de crise.

RESENDE, André Lara

Os economistas tendem a olhar com certo desdém para as demais ciências humanas. Pretendem – com certeza porque a economia é a que mais se presta à formulação matemática – que estão mais próximos do ideal rigoroso das ciências ditas “duras”. Pura pretensão. Mas na há quem ouse argumentar que política econômica é ciência. É arte pura. Arte com todas as áreas do conhecimento, da cultura, e assim deve ser julgada. Quando a estética, a elegância, é agredida, algo está errado.

RESENDE, André Lara

Otimista ou pessimista é hoje, com certeza, a pergunta mais freqüente e insistentemente feita a economistas. A tal ponto que fui obrigado a desenvolver algumas respostas vagas, evasivas, que, sem perder a polidez, não me obriguem a discutir a todo momento as taxas de juros, o “atraso” cambial e se o “plano” vai bem.

RESENDE, André Lara

A flagrante injustiça social, o hiato entre os incluídos e os excluídos, a crise das grandes cidades são problemas gravíssimos. Mas associá-los ao esforço de criar uma economia de mercado mais eficiente ou aos especuladores de Manhattan é ir longe demais. […] Há nas teses da esquerda ilustrada uma vinculação entre a economia de mercado e a crise de valores. Crise profunda que não parece dar sinais de se abrandar. A busca do lucro e o estímulo ao individualismo, que estão na essência da economia de mercado, estariam também na raiz da desintegração de valores.

RESENDE, André Lara

A questão do pleno emprego, longe de ser um local de descanso em equilíbrio, parece ser um precipício sobre o qual, uma vez que se chegou à borda, o valor da moeda deve mergulhar num abismo sem fim.

 ROBINSON, Joan

O déficit público é uma constante da natureza, e tudo o que se conseguir economizar apenas se converterá em uma outra forma de despesa.

SAYAD, João

A condução da economia moderna tem apenas dois problemas: quando as políticas fracassam e quando funcionam.

SIMONSEN, Mário Henrique

É máxima de todo chefe de família prudente jamais tentar fabricar em casa o que lhe custará mais fabricar do que comprar.

SMITH, Adam

O que é sábio na condução de uma família privada pode ser quase loucura na direção de um grande país.

SMITH, Adam

O que se pode acrescentar à felicidade de um homem que tem saúde, não tem dívidas e está com a consciência tranquila?

SMITH, Adam

Nada, efetivamente, é menos liberal do que esperar de um governo que ele instaure o liberalismo.

SORMAN, Guy

Os economistas passaram da noite para o dia da exortação à abstenção governamental ao pedido de intervenção sem se preocupar em ver se o governo estava em condições de assumir essas novas tarefas que se lhe atribuíam.

STIGLER, George

 

 

Referências e indicações bibliográficas

BOYER, Luc. 600 citações para enriquecer um discurso, um relatório ou alimentar a reflexão pessoal. Tradução de Marina Appenzeller. São Paulo: Nobel, 1996.

CECHIN, Andrei. A natureza como limite da economia: a contribuição de Nicholas Georgescu-Roegen. São Paulo: Editora Senac São Paulo/Edusp, 2010.

DUAILIBI, Roberto. Duailibi das citações. 5ª edição.  São Paulo: Arx, 2004.

FARO, Luiz César e GATTO, Coriolano (organizadores). Mario. Edição Especial: Sul América Seguros, s/d.

FÓRUM NACIONAL – CÚPULA EMPRESARIAL. Plano Nacional de Desenvolvimento – a hora e vez do Brasil. Seis revoluções para tornar o Brasil um país desenvolvido. Rio de Janeiro: INAE, 2010.

FRANCO, Gustavo H. B. Cartas a um jovem economista. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

FRANK, Robert H. O naturalista da economia: em busca de explicação para os enigmas do dia a dia. Tradução de Doralice Lima. Rio de Janeiro: Best Business, 2009.

GIANNETTI, Eduardo. As partes & o todo. São Paulo: Siciliano, 1995.

_______________ Nada é tudo: ética, economia e brasilidade. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

_______________ O livro das citações: um breviário de ideias replicantes. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

IÓRIO, Ubiratan. Economia & Liberdade – A escola austríaca e a economia brasileira. São Paulo: Editora Inconfidentes, 1995.

MANGUEIRA, Celso. Citações e 13 textos sobre o economista. João Pessoa: CORECON-PB, 2009.

MILGROM, Paul. Humanos, logo imprevisíveis. Entrevista a Malu Gaspar. Veja, edição 2.198, ano 44, nº 1, 5 de janeiro de 2011, pp. 19 – 23.

MOREIRA, José Manuel e ALVES, André Azevedo. Crise econômica e financeira ou cultural e institucional? Análise à luz do debate entre Hayek e Keynes. Revista de Economia & Relações Internacionais, volume 9, número 17, julho de 2010, pp. 108 -125.

NÓBREGA, Maílson da. Obras e desenvolvimento. Veja, 25 de agosto de 2010, p.26.

OLIVEIRA, Adriano Henrique de. 1000 pensamentos de personalidades que influenciaram a humanidade. São Paulo: DPL Editora, 2004.

RESENDE, André Lara. Bolhas e pêndulos. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

ROBINSON, Joan. Filosofia econômica. Tradução de Sérgio Tolipan. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979.

SENNA, José Júlio. Os parceiros do rei: herança cultural e desenvolvimento econômico no Brasil. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.

SZMRECSÁNYI, Tamás e COELHO, Francisco da Silva (organizadores). Ensaios de história do pensamento econômico no Brasil contemporâneo. São Paulo: Atlas, 2007.